Manuel Igreja

Manuel Igreja

O Dia de Portugal na Régua

Existem coisas e acontecimentos que ainda que uma pessoa não esteja diretamente envolvida no conjunto de ações que levam à sua concretização, não pode deixar de ser sentir contente e até orgulhosa por terem acontecido.

No recente comemorar do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades lusas espalhadas por esse mundo de Deus afora, eu senti enquanto duriense e reguense uma grande satisfação, um inquestionável orgulho ou até mesmo uma pequena/grande vaidade.

A coisa valeu a pena. Os que tiveram de se esgadanhar para levar a nau a bom porto não tiveram alma pequena, tiveram uma grande capacidade de entrega e souberem fazer acontecer sabendo o que naquela hora estava em questão.

Ao que somente deduzo porque algumas coisas vi e muitas outras deduzi, não se pouparam a esforços. Na semana imediatamente antecedente a cidade virou palco de uma verdadeira atafona com a chegada dos primeiros militares que não estavam nem para invadir nem para ser invadidos. A paz também lhes faz parte da essência.

A Régua e a região souberam recebê-los e eles souberam retribuir em atenção, em serviço e em educação. Ao que sei sentiram-se em casa e apreciaram vinhos e iguarias. Existiu elevação de ambos os lados, de quem recebeu e de quem foi recebido.

Mas indo agora à comemoração em si mesma já depois de as tropas terem desfilado e levantado o acampamento. Pessoalmente, este ano dei muito mais valor ao dia simbólico da nossa nacionalidade. Dou-lhe sempre algum valor porque se releva Camões, o nosso poeta maior apesar de poucos o terem lido, os nossos concidadãos que vivem em todos os cantos do mundo, e a nossa existência enquanto nação, nada mais nada menos que a mais antiga da Europa, salvo erro, mas foi diferente.

Como disse, este ano o assinalar foi de importância acrescida, pois sendo um dia comemorativo igual aos antecedentes, coube à Cidade Europeia do Vinho 2023 a sua organização. Sem exemplo anterior, não foi uma cidade no estrito sentido do termo, a contemplada pela honra, mas sim um território de dezanove municípios que derrubando muros de limitação de estremas e superando o espírito de campanário, souberem ver e souberam conseguir a unidade.

Costuma dizer-se que não há longe nem distância para quem se gosta e quando valores mais altos se levantam, e assim se fez acontecer, porque se ganhou escala, se motivou mais e melhor e se conseguiu valorizar mais o que une do que o que desune.

Tenho para mim que quando a bandeira nacional foi içada foi como se os olhos de nós todos seguissem o seu desfraldar, e quando o toque deu o sinal para o seu arriar foi como se todas as nossas mãos nela pegassem com o merecido sentido de orgulho em alta por termos sido capazes e por termos mostrado que somos iguais em organizar e bem receber.

Numa avenida do Peso da Régua desfilaram os militares com todo o seu garbo, à região vieram personalidades representativas de centenas de países, qualquer um deles deveras encantado com o valor e com a beleza do Alto Douro vinhateiro. Não há quem se não deslumbre.

O dia de Portugal em 2023 foi um marco. Em termos nacionais, obviamente que certas peripécias à parte, foi só mais um, mas termos locais, dentro de portas, pode e deve ter sido a oportunidade de fincarmos pé na nossa identidade com a força dos que sabem o que querem e por onde ir.

A união faz a força.



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