Passar para o conteúdo principal
Diário de Trás-os-Montes
Montes de Notícias
  • Início
  • Bragança
    • Alfândega da Fé
    • Bragança
    • Carrazeda de Ansiães
    • Freixo de Espada à Cinta
    • Macedo de Cavaleiros
    • Miranda do Douro
    • Mirandela
    • Mogadouro
    • Torre de Moncorvo
    • Vila Flor
    • Vimioso
    • Vinhais
  • Vila Real
    • Alijó
    • Boticas
    • Chaves
    • Mesão Frio
    • Mondim de Basto
    • Montalegre
    • Murça
    • Ribeira de Pena
    • Sabrosa
    • St.ª Marta Penaguião
    • Peso da Régua
    • Valpaços
    • Vila Pouca de Aguiar
    • Vila Real
  • Reportagens
  • Entrevistas
  • Fotogalerias
  • Vídeos
  • Opinião
  1. Início

O Caso SEF

Retrato de igreja
Manuel Igreja

O Caso SEF

Estivemos todos mal. No nosso país, tido e havido como entre os civilizados, um estrangeiro que pretendia entrar fronteiras adentro, foi assassinado pelo que menos ao que tudo indica, para salvaguarda que isto destas coisas uma pessoa nunca sabe como acaba.

Num país que tem entre os seus alguns milhões de partiram em busca de uma vida melhor atravessando fronteiras e barreiras às escondidas não temendo demónios e infringindo leis, em pleno século XXI, alguém vindo da sua terra para vir até à nossa, foi detido e barbaramente assassinado.

Não chegou a passar a linha e andando por aí pelos becos onde rufias de navalha na mão estripam e maltratam para roubar. Ficou confinado numa sala sob a tutela do Estado, onde em teoria deveria como qualquer pessoa, ser tratado com dignidade e com a urbanidade próprias das sociedades desenvolvidas.

Tentou fazer o que milhões de portugueses fizeram desde há séculos e ainda fazem hoje, mas foi vítima da barbárie em estado puro. Não foi cozido no caldeirão dos canibais nem lhe tiraram o escalpe, mas tiraram-me a alma do corpo e lançaram na escuridão os seus familiares distantes a milhares de quilómetros quase na outra ponta da Europa.

O filme verdadeiro de terror infinito acontecer há meses. No entretanto, quase ninguém ligou, quase ninguém se escandalizou, ninguém exigiu justiça célere, ninguém pediu perdão à mulher e aos filhos do desinfeliz.

Teve a infeliz ideia de tentar vir até nós, certamente cheio de sonhos, mas encontro o seu derradeiro e horrível pesadelo. Ao costume, levantou-se uma breve fervura, mas depois demos toda a atenção desatenta para outras coisas. Porque correu mal o esconder por parte dos diretamente envolvidos na morte, levantou-se o costumeiro rigoroso inquérito, detiveram-se os indiciados de culpa e todos dormiram descansados. Enquanto isso, lá longe a viúva de marido e de justiça, tenta sobreviver com a superior dificuldade de tentar atenuar a dor aos jovens filhos.

Faz das tripas coração para diminuir as dores da coroa de espinhos, recebe o corpo morto do marido para que fique para sempre na terra que é a deles, faz exéquias e tenta fazer o luto. No início e no desenrolar do infame processo, o Estado português não soube ser o Estado de uma Nação civilizada. Ora, sendo ele todos nós, logo, nós soubemos ser nem estar.

Nem sequer um mero telefonema de lamento e de condolências alguém fez para tentar reconfortar um pouco a dor dos espinhos na alma, o ardor das lágrimas que escorrem dos olhos que viram esperançosos o marido partir para a terra prometida. Ninguém ligou para a antes de tempo viúva de Ihor Homeniúk.

O Presidente da Republica sempre lesto a comunicar solidariedade fez de conta, o governo assobiou para o lado, a oposição não fez grande questão, e os cidadãos não revendo nele um dos nossos e daqueles que se não limitaram nem limitam a ficar, encolheram os ombros.

Quanto a mim, que passa a vida a escrever sobre tudo e mais alguma coisa porque gosto e penso que outros gostam, só agora me dei a esse trabalho, só agora senti essa obrigação. Levei uma estocada na alma e no orgulho.

Vi na televisão a mulher ainda jovem de Ihor dizer que odeia Portugal. Senti vergonha. Coloquei-me no lugar dela, e imaginei o que sentiria.

Vislumbrei coisas que sucedem no meu e seu país que são indignas, incivilizadas e impróprias aqui ou em qualquer lugar. Todos, vemos, ouvimos e lemos, por isso não podemos ignorar.

Partilhar
Facebook Twitter

+ Crónicas


As vessadas
Publicada em: 20/02/2021 - 14:07
As rogas
Publicada em: 15/02/2021 - 09:49
Andar aos cestos
Publicada em: 06/02/2021 - 15:27
A nova idade das trevas
Publicada em: 31/01/2021 - 09:51
Os Saberes
Publicada em: 23/01/2021 - 12:57
O boneco de neve
Publicada em: 16/01/2021 - 14:24
Os bárbaros andam à solta
Publicada em: 08/01/2021 - 18:41
O Abraço ( conto de Ano Novo)
Publicada em: 31/12/2020 - 17:16
O boneco de madeira ( Conto de Natal)
Publicada em: 19/12/2020 - 15:15
O Caso SEF
Publicada em: 11/12/2020 - 19:23
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8
  • 9
  • …
  • seguinte ›
  • última »

Opinião

Retrato de chrys
Chrys Chrystello
Timor 45 anos depois
25/02/2021
Retrato de Preto
Ana Preto
Das palavras que nos desqualificam
23/02/2021
Retrato de Guerra
Luis Guerra
Olhares e paisagens
23/02/2021
Retrato de luis
Luis Ferreira
Salas virtuais
21/02/2021

+ Vistas (últimos 15 dias)

ASAE encerra Continente de Vila Real
// Vila Real
Salvou uma raposa e ganhou companhia diária ao jantar em Oleiros
// Bragança
Alegada vacinação ilegal contra a Covid-19 em Valpaços
// Valpaços
Minas de ferro de Moncorvo exportam primeiras 50 mil toneladas para a China
// Torre de Moncorvo
Homem encontrado morto na rua em Bragança
// Bragança

Publicidade Google

CRONISTAS

Retrato de leon
José Leon Machado
Retrato de monica
Mónica Teixeira
Retrato de brito
João Carlos Brito
Retrato de bob
António Bob Santos
Retrato de marta
Marta Liliana
Retrato de Carmo
Ana Carmo
Retrato de Jorge Nunes
Jorge Nunes
Retrato de Preto
Ana Preto
Retrato de pauloafonso
Paulo Afonso
Retrato de Angela
Ângela Bruce
Retrato de bj
Batista Jerónimo
Retrato de batista
Vítor Batista
Para sugestões, informações ou recomendações: [email protected]

Formulário de pesquisa

Diário de Trás-os-Montes

© Diario de Trás-os-Montes (Desde 1999)

Proibida qualquer cópia não previamente autorizada.



  • Ficha Técnica
  • Estatuto Editorial
  • Contactos
  • Login


Bragança

  • Alfândega da Fé
  • Bragança
  • Carrazeda de Ansiães
  • Freixo de Espada à Cinta
  • Macedo de Cavaleiros
  • Miranda do Douro
  • Mirandela
  • Mogadouro
  • Torre de Moncorvo
  • Vila Flor
  • Vimioso
  • Vinhais

Vila Real

  • Alijó
  • Boticas
  • Chaves
  • Mesão Frio
  • Mondim de Basto
  • Montalegre
  • Murça
  • Peso da Régua
  • Ribeira de Pena
  • Sabrosa
  • St.ª Marta Penaguião
  • Valpaços
  • Vila Pouca de Aguiar
  • Vila Real

Secções

  • Douro
  • Trás-os-Montes
  • Livros
  • Mirandês
  • Emigração
  • Diversos
© Diário de Trás-os-Montes