Manuel Igreja

Manuel Igreja

Associação Vale D' ouro. Vale a Pena

Olhando para a região onde por opção ou por gosto residimos, opinamos e costumamos dizer que ela é desunida, desinteressada e com o olhar a ir somente até à linha do horizonte delimitado pelo umbigo de cada qual guiado pelo som que advém do campanário da paróquia.

Sucede que por vezes estamos tão focados neste modo de ver, que nem nos apercebemos de pequenas grandes mudanças que apesar se tudo se vão registando devido a dinâmicas muito próprias e frequentemente mais oficiosas que oficiais. Seja como for, contudo, ela move-se.

Ainda muito recentemente ela se mexeu. Não foi assim um terramoto, Deus Nosso Senhor nos livre, mas houve muitas pontas que estão unidas, que foram puxadas, e a região deslocou-se um pouco. Existe uma teia que tem vindo a ser tecida, alguém quis, a obra foi feita, e a união foi demonstrada.

Não enredando mais. Refiro-me ao evento celebrativo do décimo aniversário da Associação Vale D’ ouro levado a cabo no Auditório Municipal de Alijó, que parece ser ali já, mas ainda fica um bastante arredado para muitas partes do território a que pertencemos.

Fica, mas não foi esse difícil pormenor que impediu a presença na sala de pessoas oriundas desde São João da Pesqueira, a Carrazeda de Ansiães a Montalegre, obviamente entre outros concelhos, e só para mencionar os de mais longe em distância e em tempo de percurso.

Gente movida pela Cultura e pelo gosto de fazer acontecer para regalo da comunidade foi lá participar e estando num acontecido de se lhe tirar o chapéu tanto pelo que ocorreu em palco como pelo simbolismo de que se soube revestir.

A sala encheu-se de amantes das artes e da participação cívica, que não se deslocou de metropolitano ou de outro transporte público por serem inexistente, gente que se viajou em viaturas por estradas do tempo do senhor marquês, ou por autoestradas com portagens do mais caro que existe, apesar de jurarem que se preocupam connosco e que gostam muito de nós.

Quanto a mim que testemunhei, aquele soprar das velas deste décimo aniversário, mostrou inequivocamente que a região se vai unindo, que existem cidadãos que sabem o que querem, organizações cívicas que sabem agir de mãos dadas, e um conhecimento que permite a valorização daquilo o que nos torna diferentes e mesmo melhores.

Basta querer e saber. Neste ponto, nada me custa afirmar a pés juntos, que a Associação Vale D’ ouro sabe e quer. Move-se por gosto e faz com que se criem dinâmicas culturais de primeira apanha. Por isso ela vale a pena. Digo eu.


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