Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

“Uma árvore não faz a floresta”

Bragança não será muito diferente de outras cidades do interior no interesse que desperta aos mídia nacionais.  Ou seja, estes, empolgam as notícias negativas e não dão a devida relevância, às positivas. Os órgãos de comunicação regional não conseguem deixar de seguir as pegadas destes. Ainda nos lembramos do caso das mães de Bragança e agora a trágica morte do jovem Giovani, ambas penalizadoras para Bragança.

Desde sempre que a noite, em qualquer parte do Globo, é propícia a altercações que chegam mesmo a agressões físicas. Muito contribui as substâncias psicoactivas (álcool) e alucinogénias, a música alta, o convívio em grupo e as horas tardias, faz com que se deixe de ser racional e se eleja um comportamento acéfalo que chega a rasar proporções pré-históricos.

O homicídio é o acto de um sujeito matar outra pessoa, a morte aconteceu, OS AUTORES DEVEM SER PUNIDOS, mas alguém olhando para os jovens acusados, às circunstâncias, aos factos conhecidos é capaz de imputar a estes rapazes a premeditação de matar? Porque é que tem de ser uma punição exemplar? Porque é que não se deixa funcionar a justiça, sem pressões? A Justiça, também neste caso tem de ser cega, surda, muda e justa. No que me diz respeito, pelas fotografias difundidas, não conheço nenhum dos rapazes, mas são filhos, pais (?) netos e têm uma vida pela frente: têm direito a um julgamento justo. Não é imaginável o sofrimento de um pai enterrar um filho, uma perda que não tem reparação. E, os pais destes jovens não estão a sofrer? Não é também uma perda o condicionar o seu futuro?

Quanto temos detidos educados e treinados para proteger valores, pessoas, prestar socorro e ser solidário, não podem ser futilmente associados a um “gang”!

Estes jovens, um dos problemas, é (a tentativa) do julgamento popular que os vai marcar e condicionar o seu futuro. Por outro lado, têm a seu favor que, embora a nossa justiça seja lenta, muito lenta, mas funciona e o nosso sistema judicial é um dos melhores, então também neste caso, os homens que aplicam a lei, não vão ser sensíveis a pressões externas.

Em Bragança, só quem não é assíduo na Av. Sá Carneiro é que pode por em causa a franca e salutar convivência entre os estudantes oriundos dos vários continentes pois, não é fácil perceber quem está em minoria. Por experiência própria, não é a primeira vez que me batem à porta, estudantes a pedir “emprestado” condimentos ou utensílios de cozinha e sempre os mesmos foram devolvidos em perfeito estado de utilização.

Todos os Bragançanos sabem da importância da comunidade estudantil para a região e todos os estudantes também, sabem como os transmontanos são acolhedores.

Gostava que os lideres Religiosos e Políticos, Deputados e Autarcas que, com a mesma disponibilidade marcaram presença na marcha silenciosa de homenagem ao Giovani (e bem), tivessem vindo a público dizer: basta de catalogar Bragança como uma cidade violenta, racial, xenófoba, marginalizadora de minorias; basta de atacar a PSP de Bragança, cujos profissionais são competentes fazem e fizeram o seu trabalho (agora) reconhecido e nós Brigantinos sabemos que nem sempre actuam pela repressão mas também usando a pedagogia; basta de por em causa a AHBVB onde estes voluntários estão ao melhor nível mundial; basta de duvidar da PJ que por várias vezes foi mencionada como uma das melhores polícias inteligentes da Europa.

Em Bragança, falar de um crime determinado por ódio racial gerado pela cor ou de origem étnica, ou exclusão é por maldade ou desconhecimento. Não podemos aceitar.

JUSTIÇA SIM, COM JULGAMENTO JUSTO E SÓ PELOS FACTOS: É O QUE É EXIGIDO A UMA SOCIEDADE LIVRE E DEMOCRATA.

Bragança, 23/01/2010

Baptista Jerónimo


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