A segunda etapa da temporada de 2025 do Campeonato de Portugal de Velocidade (CPV) realizou-se no passado fim-de-semana, com o 54º Circuito Internacional de Vila Real, e se as corridas foram emocionantes, as conversas de paddock foram igualmente interessantes.
Novo recorde GT4
No regresso do CPV às ruas de Vila Real, o recorde da volta mais rápida para os GT4 era pertença de Patrick Cunha, que tinha assinado uma volta no tempo de 2m02,342s na segunda corrida de 2023 aos comandos de um Audi R8 LMS GT4.
Era um bom tempo, o piloto bracarense vencera a prova juntamente com Jorge Rodrigues, e com o calor que se fez sentir durante todo o passado fim-de-semana, poderia não ser fácil suplantar a marca do recruta da Veloso Motorsport, que este ano tem um Porsche Cayman CS RS à sua disposição.
No entanto, a marca de Patrick Cunha acabou por ser esmagada nas qualificações, tendo oito pilotos batido o registo – César Machado, Francisco Mora, Roberto Faria, José Carlos Pires, Rafael Lobato, Mathieu Martins, Francisco Abreu, Orlando Batina e Pedro Salvador. Este último, assinou o melhor ‘crono’ do fim-de-semana, 2m01,174s, estabelecendo um novo recorde.
Rafael Lobato assinou o melhor tempo em corrida, 2m02,342s, tendo ficado claro que os pilotos do Campeonato de Portugal de Velocidade andaram muito depressa tanto em qualificação como em corrida.
Calor avassalador, mas… com chuva
Vila Real é conhecida por ser muito quente no Verão e este ano não obrigou ninguém a recorrer a agasalhos, nem durante o dia, nem durante a noite, sentindo-se um calor intenso, com as temperaturas máximas as superarem largamente os 30ºC e as mínimas a ficaram inúmeras vezes acima dos 20ºC.
A temperatura do asfalto aproximou-se por diversas vezes dos 50ºC, obrigando a um esforço hercúleo da parte dos pilotos, pneus e carros.
Algumas das máquinas do Campeonato de Portugal de Velocidade tinham ar condicionado para tornar a vida mais fácil aos pilotos, mas nem todos funcionavam correctamente e, em alguns casos, o dispositivo montado nos carros era mais para dizer que tinha, sendo diversos aqueles que o preferiam desligar, tendo de enfrentar a canícula, um desafio sobretudo para os que tinham motores dianteiros.
A chuva também quis estar presente nas provas do Campeonato de Portugal de Velocidade e abateu-se sobre Vila Real pouco antes da primeira corrida do programa, no sábado ao final da tarde, criando o caos entre as equipas e pilotos, que mostravam indecisão entre a segurança dos pneus de chuva e a performance com risco dos slicks. Foram momentos de grande tensão.
Público conhecedor do CPV
Como é habitual em Vila Real, o público foi uma presença constante ao longo de todo o fim-de-semana, tendo dado cor ao circuito com a sua massiva presença nas bancadas, varandas – algumas delas construídas de raiz para os eventos – e nas redes da pista.
As duas corridas do Campeonato de Portugal de Velocidade tiveram casa cheia, sendo perceptível o conhecimento que os adeptos tinham da competição, havendo quase um clube de fãs por piloto.
Ainda assim, os favoritos eram os pilotos locais, sendo Rafael Lobato, Pedro Salvador e Daniel Teixeira os mais acarinhados pelo muito público, o que também foi visível na parada e nas sessões de autógrafos realizadas na Praça Velha e no Nosso Shopping.
Evolução no paddock
O Campeonato de Portugal de Velocidade teve este ano um novo paddock, situado entre o Teatro Municipal, que funciona como sala de imprensa, e o Nosso Shopping.
Numa zona quase plana, as equipas conseguiram trabalhar nas suas sofisticadas máquinas e afiná-las em boas condições, mostrando ser uma boa solução. Este espaço permitiu também uma maior convivência entre equipas e pilotos, umas vez que as costas das boxes estavam viradas umas para as outras, criando uma zona comum, onde foi possível ver o convívio entre todos.
Por outro lado, como acontece com qualquer circuito citadino, o espaço é limitado, o que tornará sempre difícil acomodar mais de vinte e quatro carros devido à área restrita do paddock, do ‘pit-lane’ e à dimensão actual das estruturas das equipas.
Nuno Teixeira impressiona
Nuno Teixeira foi uma das grandes surpresas do fim-de-semana, tendo fechado um acordo com a NM Racing Team na manhã de quinta-feira para participar na etapa de Vila Real do Campeonato de Portugal de Velocidade num Mercedes AMG GT4 ao lado de Ricardo Costa.
Foi uma estreia para o jovem piloto, que tem feito karting e provas soltas de automobilismo, tendo impressionado, ao registar sexto tempo na sua qualificação, o que significou o melhor tempo da GT4 Bronze. Nas corridas, venceu, com Ricardo Costa, na sua divisão a primeira, ao passo que na segunda ficou na segunda.
Nuno Teixeira gostou da experiência e deseja continuar, mas admitiu que terá de encontrar os apoios necessários para poder ter uma temporada sustentada no Iberian Supercars / Campeonato de Portugal de Velocidade. “A vontade é muita (n.d.r.: de continuar na restante temporada), o budget é menor”, reconheceu piloto que se estreou aos comandos de um Mercedfes AMG GT4.
Fotografias: Bruno Taveira