A Critical Software é uma das empresas de tecnologia com maior reputação no nosso país e que está presente em Trás-os-Montes, mais propriamente em Vila Real, onde tem um escritório que pode albergar algumas dezenas de funcionários altamente qualificados.

Para conhecermos melhor a atividade desta empresa o Diário de Trás-os-Montes visitou a sede da empresa, que os seus escritórios numa das ruas com vista para a cidade e para o circuito de Vila Real, onde podemos tomar um café nas instalações e conversar com o responsável pela atividade na região Eduardo Reanha, transmontano natural de uma aldeia perto da Vila Real, amante do BTT, um engenheiro eletrotécnico esteve a trabalhar fora, mas que regressou a uma empresa lider em tecnologia e que lhe permite viver na sua região.

 Fundada em 1998, a Critical Software é uma empresa internacional de tecnologia, especializada no desenvolvimento de soluções de software e fornecimento de serviços de engenharia para suporte a sistemas críticos e confiáveis, orientados à segurança, à missão e ao negócio de empresas. A empresa colabora com clientes internacionais em setores tão diversos como espaço, aeronáutica, energia, defesa, finanças, ecommerce, dispositivos médicos e transportes.

Atualmente, a empresa conta com mais de 1000 colaboradores nos seus escritórios em Portugal, Reino Unido e Alemanha, sendo uma das poucas empresas tecnológicas no mundo a ter processos de desenvolvimento de software ágeis e em cascata classificados com CMMI® Nível 5. 

 

Entrevista a Eduardo Reanha  da Critical Software

 

Diário de Trás-os-Montes (DTM): O que leva a Critical Software a investir em Trás-os-Montes?

Eduardo Reanha (ER) : O ADN da Critical Software é investir em todo o país e não só na capital, porque há vantagens tanto para a localidade como para a empresa. O potencial português vai muito além dos grandes centros urbanos e as empresas devem dar oportunidades de aprendizagem. Na zona de Trás-os-Montes há pessoas de muita qualidade, tanto no software como noutras áreas, que até há meia dúzia de anos eram obrigadas a sair daqui, porque em Trás-os-Montes há pouca oferta nessa área. Uma das visões é dar a possibilidade a essas pessoas de trabalharem na cidade onde cresceram e onde têm os seus familiares, até porque essa vantagem é recíproca: a empresa vem para perto das pessoas e as pessoas vão também mais à empresa.

DTM: O facto de a empresa ter vindo para Vila Real tem alguma coisa a ver com a UTAD?

ER: Com a vinda para o interior, as empresas têm as vantagens de se posicionar em sítios onde haja a disseminação de conhecimento. A Critical Software há 4 ou 5 anos criou escritórios em várias cidades onde há universidades ou politécnicos, de forma a contribuir para a retenção de jovens nas cidades nativas e para o desenvolvimento da economia local. Defendemos que as oportunidades de trabalho devem ser iguais independentemente do local onde vivemos. 

 

DTM: O facto de a empresa ter mão de obra mais barata também é um dos motivos de ter vindo para o interior?

ER: O maior fator para termos empresas no interior é podermos contribuir para o desenvolvimento tanto das nossas empresas com novas pessoas e perspetivas, como das cidades onde estamos inseridos. 

DTM: Encontrarem onde se instalar em Vila Real foi uma das vantagens? 

ER: Sim, foi uma das vantagens. Mas a maior vantagem é estarmos perto da universidade e fazer com que as pessoas que saíram no passado e estão à procura de emprego regressem à cidade e tenham a possibilidade de construírem a sua vida aqui. 

DTM: Os cursos da UTAD vão de encontro aquilo que vocês procuram enquanto empresa? 

ER: Os cursos que são administrados em Vila Real estão cada vez mais de acordo com as necessidades da indústria. Ter uma empresa tecnológica perto da universidade tráz benefícios para ambas as partes. Atualmente, as pessoas saem muito bem preparadas das universidades e com vontade de ter experiência no mundo do trabalho e na Critical estamos prontos para as receber e aprender também com elas.

DTM: A vossa empresa tem alguma ligação privilegiada com a UTAD?

ER: Não. Estamos em contacto com o mundo universitário e participamos regularmente em conferências para mostrarmos o nosso trabalho enquanto empresa, o que acaba por influenciar a gestão e o planeamento dos próprios currículos. 

DTM: O que diria a um estudante que vá entrar agora para um curso de Engenharia Informática, por exemplo?

ER: Em primeira instância diria que, atualmente, depois de terminar o curso em Vila Real, os alunos têm várias empresas por perto, nomeadamente a Critical Software, o que acaba por ser uma segurança. Nós somos uma empresa jovem com espírito empreendedor e com vontade de continuar a aprender com novas perspetivas e esse tem que ser o espírito das pessoas que querem trabalhar connosco. 

DTM: Na atualidade, uma das coisas que as empresas precisam é de “algo para ontem”. A vossa empresa tem capacidade rápida de resposta?

ER: Depende muito da empresa e dos seus requisitos. Por exemplo, há áreas onde tipicamente as coisas não são muito rápidas devido a requisitos próprios e ferramentas que não são tão atuais. Quando se trata de clientes mais modernos e com sistemas atualizados os procedimentos acontecem com mais naturalidade e a um ritmo mais rápido.

DTM: A Critical Software intervém em que áreas?

ER: A Critical Software está presente em 11 setores de intervenção no desenvolvimento de software. O nosso ADN é estarmos envolvidos em Software Crítico: aeroespaço, automóvel, defesa, dispositivos médicos, ecommerce, energia, espaço, ferroviário, governo, serviços financeiros e telecomunicações. 

DTM: Consegue-me dar dois ou três exemplos de Softwares vossos que tenham impacto no dia a dia de qualquer pessoa?

ER: Temos softwares na gestão de bancos, na gestão de linhas de comboios, na área médica, entre outros.

DTM: Quais são os principais desafios que a vossa empresa enfrenta?

ER: Como a nossa área de atuação é bastante acabamos por ter um espectro de desafios também muito alargado. A crescente procura por soluções inovadoras no mercado é um dos maiores desafios, bem como as constantes mudanças no ecossistema, pelo que o investimento na área da inovação é uma das nossas prioridades.

DTM: O escritório de Vila Real tem quantas pessoas a trabalhar?

ER: Temos cerca de 30 pessoas que trabalham com equipas dos escritórios do Porto, Coimbra e Lisboa. No entanto, o escritório tem capacidade para quase o dobro das pessoas, pelo que continuamos a crescer.

DTM: Todos os trabalhadores são formados?

ER: Sim. A grande maioria é pessoal da área da Engenharia Informática, mas a empresa promove todos os anos programas de requalificação onde novas oportunidades podem surgir para pessoas das mais diversas áreas.

DTM: A empresa paga bons salários? Entre 1000€ e 2000€?

ER: Sim. Na Critical Software temos uma política onde o salário mais alto não pode ser até 10 vezes mais que o salário mais baixo. O grande foco é o investimento nas pessoas, na sua aprendizagem e crescimento. 

DTM: Os funcionários têm algumas regalias?

ER: O escritório está equipado com uma área de almoços, uma zona de descanso e uma “área de entretenimento”, onde os funcionários são convidados a desenvolver projetos fora do âmbito do trabalho. Além disso, outros benefícios em termos de condições são uma licença de maternidade extra de dois meses além da requerida por lei, “bilhetes de educação”, isto é, atribuição de uma parte do salário para a educação dos filhos com isenção fiscal, horários flexíveis e modelo híbrido de trabalho.

DTM: Qual é a vossa visão para os próximos anos?

ER: A evolução da nossa sociedade em relação ao software é que cada vez mais vão existir mais aparelhos ligados à rede, softwares de gestão e desafios na área da cibersegurança. O posicionamento da empresa é focar em tudo o que seja crítico e que possa ser uma área de atuação onde nos podemos especializar e onde podemos também trabalhar na prevenção de futuros problemas de software que possam afetar os nossos clientes.

Entrevista de António Pereira



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Isabel Ferreira, secretária de Estado do Desenvolvimento Regional