Com uma extensão de 71,400 km´s, unia as localidades de Peso da Régua a Chaves, passando por Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Vidago, seguindo paralelamente ao Rio Corgo e Tâmega. Hoje desativada, é utilizada por centenas de pessoas para a prática de desporto.

Foi em 1906 que o comboio chegou a Vila Real. Para a população residente, era a forma mais cómoda e rápida para se deslocaram entre localidades no concelho. Mais tarde em 1921 a linha prolonga-se até Chaves, aproximando a população às estâncias termais existentes no concelho de Chaves e à vizinha Espanha.

Durante dezenas de anos, viajaram milhares de passageiros, para muitos foi o seu meio de transporte principal.

Em 1990 o troço que ligava Vila Real a Chaves foi encerrado e em 2009 mesmo com muita contestação dos populares, a ligação entre Vila Real ao Peso da Régua encerrou, ficando totalmente impedida a circulação de comboios.

Passado mais de uma década, a Linha do Corgo é hoje uma Ecopista (não concluída), que atravessa quatro municípios. Tem como principal objetivo requalificar e reutilizar este troço ferroviário, permitindo à população percorrer um percurso único, educativo com sensibilização ambiental e acima de tudo, fomentar a prática de exercício físico.

Com caraterísticas muito próprias, as Ecopistas são consideradas vias com bastante acessibilidade, seguras, sendo proibidas a circulação de veículos motorizados (carros e motas), apenas são permitidas bicicletas que circulem a velocidade reduzida. Não há risco de quedas aparatosas uma vez que os declives são mínimos, com curvas suaves, poucos ou nenhuns cruzamentos e/ou obstáculos que coloquem em risco os demais utilizadores. Durante o percurso há diferentes tipos de piso, nas zonas que atravessam as cidades, como é o caso de Vila Real, o piso é impermeável em asfalto ou betão com marcações, nas zonas rurais o piso apresenta-se em terra batida ou saibro.

Durante os 70 km´s de Ecopista, pode-se observar paisagens únicas, com vistas panorâmicas para as Serras do Marão e Alvão. O leito do Rio Corgo, algumas cascatas, campos agrícolas dedicados à vinha, às amendoeiras, aos castanheiros, às nogueiras, às macieiras e outros produtos de consumo próprio. O gado e a ruralidade nalgumas zonas são frequentes.

São inúmeras as histórias de quem se lembra de ver passar o comboio, muitas vezes apinhado de pessoas, nas chamadas horas de ponta. O Sr.º Carlos é uma das pessoas que se lembra bem, “passava aqui várias vezes ao dia em direção a Chaves, mas ia parando por algumas Vilas”, relembra. Durante o tempo que dedica ao terreno que cultiva na berma da Ecopista, diz que tem sido muito utilizada pelas pessoas, “passa aqui muita gente a pé e de bicicleta, para cima e para baixo”.

Na localidade de Abambres Gare, o Sr.º Simão Mecânico de Motas, com mais de 80 anos de anos de idade, tem saudades de ver passar o comboio, “passava aqui à minha porta, havia ali uma pessoa que baixava a cancela para os carros não passarem, enquanto o comboio atravessava a estrada nacional, lembro-me bem!”, recorda com saudade.

No percurso ainda é possível observar algum património ferroviário daquela época, como as sinaléticas típicas dos caminhos de ferro, carris e apeadeiros, alguns em ruínas outros ao abandono. Em cada quilómetro percorrido, há registos de um passado, que para muitos não ficou no esquecimento, e hoje é possível percorrer a pé ou de bicicleta o que outrora foi uma das linha de caminho de ferro mais importantes na região norte.

Reportagem: Bruno Taveira



Galeria de Fotos

SHARE:

Trabalhadores remotos dão nota “positiva” a Miranda do Douro

Neve altera rotinas nas aldeias de Vila Pouca de Aguiar