Os militantes do Partido Socialista em Bragança perguntam-se: como chegámos aqui? Será que já batemos no fundo? Que futuro nos espera?
Vale a pena responder? Não sabemos todos a resposta? O que é certo é que, ao longo do tempo, o PS tem sido visto por alguns como um espaço de privilégios, onde esses alguns se servem das mordomias que o partido disponibiliza.
Os grupos que vão controlando o partido agem como moscas: comem e defecam no prato, criticam tudo, não militam e estão contra - salvo algumas exceções. É hora de fazer uma reflexão séria sobre a importância para o partido, de quem se aproveitou dele, e também daqueles que, mesmo não estando envolvidos, estão sempre a criticar e a afirmar que tudo está mal. Esses militantes tóxicos afastam o partido dos seus princípios e, ao fazê-lo, contribuem para o seu definhamento.
Convidando esses elementos a afastarem-se, podemos evitar que o PS continue na senda dos piores resultados, sucessivamente. Os que reiteradamente se alimentam do partido sobrevivem do caos e do declínio contínuo, são uma mediocridade que criou a ilusão de que qualquer pessoa, sem passado nem presente, pode ocupar cargos de liderança - seja na administração pública, na política ou na máquina do Estado.
Chegados aqui, o PS nacional, não respeita as estruturas locais e recruta independentes ou militantes parasitas e de carater duvidoso para cargos de deputados e governantes. Alguns desses independentes foram ou são simpatizantes de outras cores partidárias, mas foi o PS que lhes proporcionou o elevador para aumentar o seu ego - volto a ressalvar que nem todos se enquadram nesta descrição.
Mas é fundamental questionar esses independentes que se aproveitam do PS: estão confortáveis em vestir a camisola rosa enquanto usufruem de privilégios? Por que não se tornam militantes então?
Pior ainda é quando esses independentes não têm valor, apresentam comportamentos condenáveis pela justiça e sociedade, e não representam nada nem ninguém. Aqueles que lutam por um lugar numa lista autárquica, apenas por status ou benefício financeiro, são, na verdade, covardes políticos. Não defendem princípios, procuram apenas uma melhoria de condição social e/ou salarial que, de outra forma, não conseguiriam alcançar.
Aceito uma lista do PS com um ou dois simpatizantes independentes, mas não consigo aceitar que uma lista do PS contenha só um ou dois militantes. Neste caso não seria mais honesto e transparente fazerem uma lista independente? Os eleitores não poderão sentirem-se enganados?
Não podemos aceitar a narrativa de que esses independentes agem assim para manter a liberdade ou evitar serem reféns de estatutos partidários. Isso é hipocrisia e oportunismo.
Perante isto, o que se espera dos militantes socialistas? Que votem nas listas que unicamente tenham o símbolo da mão do PS, que não os representa e não estão alinhados com os valores do partido?
A presença massiva de independentes nas listas, motivada por interesses pessoais ou por status, revela uma falta de liderança ou um alheamento dos órgãos do partido local. É preciso questionar esses órgãos: estão realmente a servir o concelho e o distrito, no respeito pelos militantes?
Perante esta situação, os militantes também têm o direito de manifestar a sua opinião e dizer claramente: nestas listas, não votamos.
Ao privilegiar os independentes em detrimento dos militantes, como podemos atrair jovens para a Juventude Socialista ou cidadãos para o Partido Socialista? Como criar quadros comprometidos com a solidariedade, a igualdade de oportunidades e a justiça social? Não tem direito os militantes de se indignar?
É o momento decisivo do PS rever a estratégia, ou melhor criá-la para ganharmos câmaras, para implementar políticas de desenvolvimento para este distrito e para todos os concelhos de Bragança.