Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Museu da Língua Portuguesa II

Como estava previsto e noticiado a empresa descoberta pelo executivo camarário, que segundo as informações públicas à data (2020), tinha um funcionário e não tinha relações privilegiadas com bancos, abandonou a obra do Museu da Língua Portuguesa (MLP).

O marasmo de dois mandatos (oito anos) sem obras no Concelho e as receitas da Câmara serem gastas em festas e culto da imagem, obrigava a recorrer a Nossa Senhora do MLP, como a obra que iria limpar os mandatos, caracterizados pela incompetência e desastrosos para o interesse público. Até à data do lançamento do MLP, este executivo tinha como obras as três rotundas (se como assim se podem identificar) do primeiro mandato e no segundo a Av. João da Cruz (limpeza e corte das arvores) e na Av. Sá Carneiro (a incompreensível passagem a rua) além das escadas rolantes que mais não são que um logro para a mobilidade, pois não servem para os impossibilitados motores (tape rolante, sim) e quem para quem tem dificuldade motora, dado estarem mais tempo inoperantes do que a funcionar, é dar a meia-volta (só oportunidades perdidas).

Podemos perguntar, para o suposto empreiteiro não abandonar a obra, antes das eleições autárquicas de Outubro/21, quanto o executivo camarário pagou? Sabe-se que o MLP teve um custo até ao momento na ordem 4 500 000€, 50% do valor pela qual foi empreitada 9 000 000€.

Esta obra do MLP, como escrevi, (https://www.diariodetrasosmontes.com/cronica/museu-da-lingua-portuguesa em 27/09/2020), foi adjudicada por pouco mais de 9 000 000€, sendo comparticipada em 50% (+/- 4 500 000€) e vai agora, novamente a concurso por 14 500 000€. Não é crível que venha a ter interessados por este valor. Mesmo que se consiga um empreiteiro pelo valor base, o que só o executivo camarário crê, o custo da obra já está em 19 000 000€ (4 500 000€ + 14 500 000€), mantendo-se a comparticipação de um valor a rondar os 4 500 000€.

A teimosia e falta responsabilidade do executivo camarário para esta obra e as dívidas à espera de decisão do tribunal às Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro e à Bragaparque, num valor a rondar os 17 000 000€, mais o custo da campanha autárquica/21, obras estas necessárias (pela conta de gerência de 2021 constatamos um défice de 1 600 000€ entre as receitas e os gastos e o que ainda aí virá), pode colocar a autarquia numa situação de incumprimento e obrigatoriamente a impossibilidade de realizar obras estruturantes para o Concelho.

Ainda está, este executivo a tempo de lavar a cara, mostrar que tem visão vanguardista, que zela pelos interesses do Concelho. Para tal, parem a obra, desloquem-na para uma zona adormecida da cidade, de fácil acesso, façam um projecto de raiz com o acautelamento necessário do exigível para estes equipamentos e envolvência e que consiga contribuir para o combate à especulação imobiliária.

Venha o MLP, mas venha com a dignidade que merece.

NOTAS:

  1. A obra foi abandonada, penso que está fechada, como se exige. Mas é necessário urgentemente retira o cata-vento (grua), pois com o corte da energia pela EDP, esta está sem sinalização num corredor aéreo dos helicópteros para o Hospital.
  2. Hoje, dia 05/05/22, celebra-se o dia da Língua Portuguesa, se vamos ter o MLP em Bragança seria esperado, que tivéssemos algum evento relacionado, até para começar a criar referência.

Bragança, 05/05/2022 


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