Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

A Fidelidade aos Partidos Políticos

Os partidos, numa avaliação tangível (à margem de formulações históricas, algumas incutidas pelo Estado Novo, como a de que: quem não fosse do regime era comunista e estes “comiam crianças”; “de sim porque sempre votei assim”; “mudar para quê? - são todos iguais”; preconceitos arraigados antes e num período a seguir ao “verão quente”) seria, qual foi o trabalho do partido X, na legislatura Y? Que poderíamos tentar mensurar: - avaliação da satisfação referente ao partido X (que posições tomou? que políticas propôs? foi construtiva a sua actuação? estive disponível? foi coerente com o seu programa? a sua ideologia política foi consistente ao longo dos quatro anos?

Outro caminho era fazer uma introspecção – o que me leva a votar no partido X?

Esta auto-observação, de todo não seria uma perda de tempo, teria de começar por conhecer a ideologia política dos partidos disponíveis. Não querendo “estudar” os estatutos dos partidos, podemos tomar posição por exclusão de partes. Assim, dificilmente, em opções de políticas públicas, o trabalhador pode estar ao lado do empregador (vencimento, carga horária, dias férias, idade da reforma, dias de assistência familiar, subsídios, …) o desfavorecido (classe baixa e média) defender o mesmo que o rico (de grandes posses), já o contrário é desejável, os altruístas na política são ambicionáveis, ou ainda, esta mais ideológica, divergir no papel que estado deve ter, mais ou menos presença na educação, saúde, segurança social… ou mais serviços entregue aos privados.  

O nosso compromisso com o partido, deveria só resultar da satisfação para com este. A satisfação é conceptualizada do julgamento após o mandato da lealdade ao programa e aos estatutos. Segundo, David Meister citado por Peter Durker, a satisfação é igual à percepção menos a expectativa. Para mim, a satisfação e a confiança, entre outros, são os factores que mais podem contribuir para a fidelização em absoluto.

Os partidos, podem e devem fidelizar os seus militantes e simpatizantes mostrando-se realmente sensíveis às dificuldades e inseguranças das pessoas. Orientarem-se quanto à melhor opção para obter uma prestação segura e garantida, tanto para quem beneficia da actuação, quanto para quem executa. Estarem disponíveis para evoluir de forma sistemática, e não tanto na fonte do “feedback” da satisfação episódica dos concidadãos e também como balizadores da percepção de como está o nível de competência, principalmente na execução de políticas públicas. Procurar surpreender com propostas exequíveis e que venham contribuir para melhorar a qualidade de vida sem demagogias ou fundamentalismos exacerbados. Pois, no planeta existe, desde sempre, uma hierarquização, sabendo que temos de manter o ecossistema, mas o foco deve ser o humano. Exercitar a capacidade de ouvir sem reacções intempestivas. Assumir, que a crítica se pode transformar em aprendizagem, manter um canal de contacto com as pessoas criando um elo de relacionamento muito mais forte do que o contacto meramente eleitoralista. É preciso dar oportunidades de criar sinergias interpessoais, para estas, fazerem parte da história de vida daqueles que alimentam e dão continuidade ao pensamento ideológico. Sobre o comportamento, “a bota tem que bater com a perdigota” e não “façam o que eu digo e não façam o que eu faço”, ou seja, a conduta dos partidos e seus actores, tem ser responsável, séria e com o norte bem identificado.

Então, o cidadão comum, deve exercer a liberdade de voto, sendo que, votar é escolher e não perpetuar as pessoas e/ou as políticas. Votar é garantir a democracia, é passarmos o testemunho de cidadania e dever cívico aos mais novos. É a forma do reconhecimento (positivo ou negativo) para os que governaram.

Quando pensamos, no significado de fidelização actualmente, revisionámos o que era e, chegamos à conclusão, exceptuando o clubismo, que pouca coisa é imutável, exemplificando: o casamento, a religião, o emprego, os hábitos e costumes já não são para a vida, porque é que há-de ser o partidarismo?

Baptista Jerónimo


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