Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

18ª edição da Feira Internacional do Norte: Norcaça, Norpesca & Norcastanha

NORCAÇA + NORPESCA + NORCASTANHA = uma de feira de tudo e de nada.

Sobre esta feira, começo por citar: Albert Einstein, “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, por outras palavras, quando as mesmas pessoas fazem a mesma feira no mesmo local, da mesma maneira, não podem esperar resultado diferente, se esperam, então sofrem de uma patologia.

Confesso que quando estava a entrar no recinto da feira, veio-me à memória a primeira feira de Artes Ofícios e Sabores de Vimioso em 1999, atente-se a este nome, naquilo que nos indicia, a feira estava em consonância com o nome, justificando a diversidade de expositores. Na NORCAÇA, NORPESCA, NORCASTANHA, não. O nome orienta-nos para uma feira direccionada para três temas: Caça, Pesca e Castanha.

Olhando para as individualidades da organização, vemos gente com valor, experiencia e conhecimento da evolução de certames nos últimos vinte anos. Hoje as feiras são muito específicas, orientadas para um público-alvo bem identificado, nada de feiras generalistas, sempre com a finalidade de promover, seja a região, a cidade, o produto e o produtor.

Em 2019, não tivemos Cuca Roseta, ainda bem, a suposta feira deixou de ser festa. Mas, para levar gente (não interessados) à feira promoveu-se actividades que nada têm a ver com o que se pode deduzir do nome do evento, tal como: passeio de bicicletas, gincana de tractores, jantares de … e para ... . Vivas à mesa lauta que a Câmara Municipal de Bragança proporcionou. Tanta actividade lateral fez passar para segundo plano a “feira” esta, tem de se impor por si e não com recurso a malabarismos.

Se a feira fosse para promover os dois restaurantes presentes, tinha cumprido o objectivo, espaço e local nobre, o mesmo aplica-se às forças de segurança (PSP e GNR). Remanesceu espaço muito reduzido para os “negociantes”, porque de expositores inseridos na temática da feira pouco tinham.

Penso que expositores com ligação à caça era um, à pesca eram dois e um à castanha, se assim se pode chamar ao vendedor de castanhas. Em contra ponto, para exemplificar, havia três de moto-serras. Feira pobre muito pobre, para um nome tão majestoso:  18ª edição da Feira Internacional do Norte: Norcaça, Norpesca & Norcastanha, será que os mentores e organizadores acham que o nome é suficiente para tornar uma “coisa” numa feira!

A passagem de modelos ao fundo do pavilhão e sem espaço, foi a cereja em cima do bolo. Durante a feira, som não havia, em contrapartida, fazia-se ouvir um ruído pelo pavilhão como se alguém estivesse a tentar fazer-se ouvir.

Mantenho que o casamento, contra natura, de caça e pesca com castanha tem, mais cedo do que mais tarde, de acontecer o divórcio, nada têm em comum, os interessados não são os mesmos e a promoção não combina bem.

Se fizermos uma avaliação distanciada, real e objectiva, chegamos à conclusão que foi a pior feira de sempre, portanto, mais uma despesa em vez de um investimento: Bragança a perder.

A Câmara Municipal de Bragança, não tem que organizar feiras, aliás está provado que não sabe mas, deve colaborar e também deve ser criteriosa na oferta de refeições pois, a finalidade destas, leva-nos a pensamentos que não estão condizentes com as boas práticas democráticas.

Bragança, Capital de Distrito, não pode continuar a passar por estes vexames. O que fizer tem de ser bem feito, para eventos destes necessita de um pavilhão multiusos condigno mas, não condição única ter espaço, tem de ter conhecimento e fundamentalmente competência.

Notas:

  1. O castanheiro está com problemas de Tinta, Cancro, Vespa e baixa pluviosidade se juntarmos o calvário da comercialização, os produtores são uns verdadeiros heróis.

Se na vez de “brincar” a feiras deste tipo, as Câmaras Municipais podiam e deviam colaborar na debilitação destes problemas.

  1. Por questões de segurança, no período da apanha da castanha, não permitir a caça nos soutos.
  2. Sobre as feiras de 2017/18 ver um post meu, no Facebook, no dia 25 de Janeiro de 2019.

Baptista Jerónimo


Partilhar:

+ Crónicas