Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Hipocrisia com Ignorância

Com o título: “Investir no ambiente: retorno garantido” - o presidente da Câmara Municipal de Bragança assina um artigo no Jornal Notícias (23/01/23), que por coincidência, é o mesmo que publicitou a atribuição dos galardões, “as melhores cidades para viver”, pagos a 12 500€ cada, pelas 12 autarquias das 308 existentes em Portugal. Falta saber se publicação do “artigo” estava incluída no pagamento.

Até porque o “artigo” é só campanha eleitoral, fora de tempo e contexto, será? Talvez não, poderá ser direccionado para o PSD, numa de manifestar a sua disponibilidade.

Que lata! Falar de ambiente, como exemplo de uma cidade que ainda não tem saneamento em 4 bairros, 23 aldeias sem nada. Aldeias sem ETAR rondará as 100. A ETAR de Bragança continua uma vergonha, funciona mal e impede a “Vila” de ser património da UNESCO. O rio Fervença poluído, onde temos emissários a fazer descargas directas a par do rio Sabor.

Se nos debruçarmos sobre a recolha dos resíduos sólidos então, reparamos que em grande parte das aldeias o lixo chega a putrificar, dada a quantidade de dias sem recolha.

Estamos, neste Concelho, com tamanho atentado ao ambiente que, me atrevo a adiantar, não haver linha de água, que não esteja conspurcada.

Sobre os autocarros eléctricos, alguém mais qualificado que denuncie os gastos e o tempo que estão parados por má gestão e sem critério nas compras.

De salientar a falta de sensibilidade e visão dos transportes públicos, pois se durante o dia poderão até ser alternativa à deslocação individual, das 19.00 (h) às 08.00 (h) não funcionam, com prejuízo para os estudantes e para todos aqueles a quem este horário não se adapta.

Acresce ainda, que a maior parte das aldeias não tem qualquer transporte publico. Atente-se que esta população envelhecida e a viver de parcas rendimentos o custo que representa para a qualidade de vida (privada de acesso a cuidados médicos) e no desbaratar das baixas reformas.

Ciclovias existem para complicar, porque ninguém vê uma bicicleta nelas. Quem lhe poderia dar uso seriam as famosas bicicletas “Xispas”, anunciadas com pompa e circunstancia, que era suposto estarem disponíveis para utilização, onde param? Desapareceram!

Bragança para ser uma cidade amiga do ambiente bastava ter uma política de poluição zero. Ao ter uma densidade populacional de 636 habitantes por km2 na Cidade e no Concelho de 29 habitantes por km2, com ausência de indústria poluidora, ainda é necessário acrescentar mais? A Câmara de Bragança está para o Ambiente, assim como a Rússia está para a paz na Ucrânia.

Vai este executivo com 500 000 000 € de orçamentos nos últimos 10 anos gastos, em que, aqui sim, poderíamos ter retorno e afinal este é pouco mais do que zero. Este valor, investido com critério, poderia ter contribuído para um Concelho sustentável, atractivo e desenvolvido.

Só, Jorge Nunes conseguia colocar na CMB tamanha hipocrisia e leviandade, no final deste mandato, perderam-se 12 anos, é um dano que estamos (e vamos) a pagar caro desta irresponsabilidade.

Baptista Jerónimo, 25/01/23



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