Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Caravanismo, uma oportunidade

Vai fazer um ano em Agosto, que comprei a minha primeira autocaravana entretanto, percorri +/-12 000 km e visitei 6 “Países” (Portugal, Espanha, Andorra, França, Mónaco e Itália). Deste grupo a Itália é o País onde os autocaravanistas têm melhores condições e Portugal é onde as condições são mais precárias. Em Itália e França as estações de serviço, nas placas informativas do serviço disponível, aparece na grande maioria o símbolo da autocaravana a anunciar o que disponibilizam, nalgumas inclusive têm serviço de pernoita.

Em Portugal, existe uma grande diferença de localidade para localidade, Lisboa, do que conheço, é a que reúne os mais e melhores requisitos, para poder visitar de autocaravana, havendo outras localidades que também oferecem condições em qualidade e quantidade.

De uma maneira geral, vemos a preocupação da quase totalidade das localidades, a manifestar uma preocupação com o bem receber esta nova forma de fazer turismo. Ninguém pense que compra uma autocaravana, para fazer turismo económico pois, vai ter uma enorme decepção. Até posso admitir que não é mais caro. Atendendo ao preço que está o gasóleo (consumo médio 11 lt/100KM), as portagens (classe 2) e dos parques, vemos que não é económica esta opção de turismo. Os preços dos parques são muito divergentes pois, são em função dos serviços disponíveis. Para ter uma ideia, um parque camarário de pernoita sem direito a nada ou direito a meter água potável, com grelha de drenagem para receber as águas dos depósitos, geralmente é a custo zero. Num parque particular ou mesmo público, se acrescentar energia eléctrica, pode ir aos 20 € por pernoita, depois podemos ter parques, geralmente de campismo, com os serviços atrás enumerados mais piscina, banho, lavandaria, parque infantil, campos de prática desportiva, restaurante, minimercado, posto médico entre outros, o preço sobe para valores, dependendo do número de ocupantes, na ordem de 10€ por pessoa e igual valor para a autocaravana.

É opinião mais ou menos generalizada, que os autocaravanista, contribuem pouco para a economia local. Não é verdade, desde os valores atrás referidos, mais o gasóleo, recordações, ingressos em várias atracções turísticas (castelos, museus, monumentos, etc.), almoço (quase sempre), alguns jantares, deslocações seja em transportes públicos ou privados e reparações, são despesas constantes.

Em Portugal estima-se que haja perto de 3 000 autocaravanas, com tendência a aumentar a um ritmo acelerado. Logo, este “negócio” vai continuar a crescer. As redes sociais, neste nicho de turismo, funciona para o bem e para o mal, como para outros grupos. A troca de experiências, o aconselhar rotas, a partilha de fotografias, contribui em grande parte para a tomada de decisão para onde se vai na próxima saída.

Bragança disponibiliza um parque com os mínimos (meter água potável, com grelha de drenagem para receber as águas dos depósitos), mas se de inverno só se pode falar da localização, já de verão o cheiro putrefacto da ETAR, que também se faz sentir na cidade, imagine-se o que será “desconfortável” para quem pernoita a menos de 100 metros. Podemos estar perante um caso de saúde pública.

Os cerca de 30 autocaravanistas, que ali pernoitam diariamente, que imagens levam e partilham, da nossa cidade? Quantos mais poderiam ser se fossem disponibilizadas outras condições?

É tempo de a Câmara Municipal de Bragança acarinhar, cativar e fomentar estes turistas, que tanto podem contribuir para a economia concelhia.

Penso, que os autocaravanistas de Bragança, estão disponíveis, caso haja interesse, para contribuir, baseado experiencia acumulada, na criação de um espaço aprazível para ajudar a crescer este tipo de turismo.

NOTA: Vem a este respeito, uma notícia no Observador de 12/12/18, que o Governo reforçou em 10 milhões de euros a Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior, criada em 2017, apontando um crescimento “assinalável” do sector nas regiões do Centro, Alentejo e Norte. “As candidaturas a esta segunda fase terminaram a 30 de Setembro. Mas atendendo à dinâmica deste programa e aos resultados que já se estão a verificar no terreno, bem como o desenvolvimento destes territórios, o Governo decidiu lançar uma nova fase de candidaturas, com um orçamento de 10 milhões de euros”.

Na mesma nota, citada pelo Observador, o Governo acrescenta que com o reforço de 10 milhões de euros vão ser apoiados projectos de turismo de natureza, que “valorizem… e que criem infra-estruturas de apoio ao autocaravanismo”.

Baptista Jerónimo


Partilhar:

+ Crónicas