Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Agricultura Transmontana

Mantendo a minha convicção de que a agricultura Transmontana tem muito para dar à região, pouco na contribuição para a criação de emprego mas, pode e deve contribuir para o PIB Regional, Ganho Médio Regional e muito para o Turismo, se selectivo e valorizado.

Com excepção das grandes explorações agrícolas, geralmente ligadas à vitivinicultura e olivicultura, todas dão trabalho sazonal, alternando o trabalho especializado como a enologia, a poda/limpa, com o não especializado o amanho da terra, a fertilização e a apanha dos frutos, mantendo alguns trabalhadores, contrato sem termo e a maior parte como jornaleiros.

Para tornar a actividade agrícola rentável, ou manter nalguns casos, é necessário torna-la profissional, actividade exclusiva, deixar de ser um hobby, o que se pressupõe ganhar dimensão pelo emparcelamento (termo proibitivo)? poderá ser, ou dentro deste conceito.

Até chegar a ser uma actividade promissora para os investidores, um longo caminho é necessário percorrer, desde logo, as políticas agrícolas Nacionais e Europeias tem de se adaptar à realidade Transmontana.

O subsidiodependência agrícola pouco contribui para o desenvolvimento desta, embora seja indispensável para manter os actuais níveis de produção. Os subsídios serem atribuídos por área agrícola e não incluir um prémio à produção, é um convite ao abandono dos campos, à inclusive não apanha do fruto, como já está a acontecer na Olivicultura, menos mas também, na amêndoa e vinha. E se não fosse por área e só à produção era justo? Não, porque ao ser por área acautela e compensa um ano de produção mau. Então, poderia ser 70% pela área e 30€ pela produção? É provável que viesse a ser mais eficaz. No entanto, é exigido maior e melhor fiscalização a todos quantos recebem subsídios agrícolas.

Ainda não há muitos anos, quem tinha Olival vivia bem, os filhos podiam ir estudar, hoje, num bom ano, a azeitona do olival tradicional é paga a 0,48€! Dá para a apanha? Não, por isso ficam olivais por apanhar este fruto que é o responsável pelo (melhor) azeite do mundo e arredores.

O subsídio agrícola recebido é visto (por alguns) como um rendimento extra e aplicado num depósito bancário, jeep, despesas que nada têm a ver com a agricultura. Quando seria esperado, que fosse utilizado no apoio à produção, ao amanho das culturas, à valorização dos produtos, ao aumento da produção.

Reforçando, o subsídio é fundamental mas, tem também de premiar a produção: quem produz recebe, quem não produz, recebe menos.

Só a alteração na atribuição do subsídio agrícola não é o suficiente para rentabilizar a agricultura, para atrair jovens agricultores (aqui é gritante a “vigarice” ao serem considerados jovens agricultores pessoas com mais de 80 anos!), para desenvolver o Interior, para ganhar escala. Falta o Marketing. É necessário criar necessidade dos produtos como a amêndoa, a noz, a uva e vinho, o mel, a castanha, a azeitona e azeite e, fundamentalmente, o grande contributo destes produtos na alimentação.

A regra fundamental da economia para o preço, tem de estar presente: aumenta a procura aumenta o preço, além da disponibilidade ao produto ser muito importante.

Nota: Desolador é ver entidades não acompanharem aquelas que trabalham muito bem, que conseguem valorizar o produto e, já temos vários bons exemplos.

É tão fácil aplicar a técnica do Benchmarking.

Bragança, 14/12/21

Baptista Jerónimo


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