Luis Ferreira

Luis Ferreira

A Cruz de Tau

Costumamos dizer que todos temos uma cruz para carregar na vida. Isto significa que todos devemos passar por provações terríveis e que a vida não é fácil para quase todos nós. Quase todos, porque há sempre quem tenha um pouco mais de sorte, o que não quer dizer que em dados momentos não tenha que enfrentar problemas graves.

A simbologia da cruz não nasceu com o castigo que era infligido aos criminosos nos tempos que qntecederam a morte de Jesus Cristo, mas foi com a Sua morte que a cruz passou a ter um significado maior. A conotação que a ela se atribui é demasiado profunda para que seja ignorada toda a sua simbologia. Se o sofrimento não é bastante, não sei o que será maior!

A relação que o homem tem com a cruz é demasiada antiga e o significado que a ela atribui está relacionada com o universo. Na verdade, está relacionada diretamente com o Céu e a Terra. Desde os primeiros tempos que o homem procurou a resposta para a sua existência e para tudo o que o rodeava e o que não compreendia era para ele motivo de admiração e mesmo de adoração.

A Cruz de Tau é representada desde os tempo pré-históricos. Foram descobertos símbolos nas paredes de cavernas representando a Cruz de Tau. Uma dualidade extraordinária onde o Céu e a Terra são representados nos dois braços da cruz sem no entanto se cruzarem. Há uma ligação enorme, mas não há um cruzamento como na cruz que nos é familiar. O braço superior, com ligeira curvatura, representa o Céu e o braço vertical representa a Terra. No fundo, ela é o símbolo da horizontalidade e da verticalidade.. Mas a Cruz de Tau também foi encontrada nos objetos do Faraó Ackenaton do Antigo Egito e mesmo na arte da civilização Maia, na América do Sul. Como é possível? É a mesma representação: o sofrimento ligado ao Céu e à Terra. O modo de ultrapassar o sofrimento, é através da horizontalidade e da verticalidade, ou seja, através da compreensão da nossa posição neste mundo onde nos encontramos. Mais tarde, S. Francisco de Assis atualizou a Cruz de Tau e imortalizou-a através de tudo o que escreveu.

A partir daí, ela é conhecida como um símbolo respeitoso, de força e de esperança. É como se fosse um amuleto da sorte para os que nada têm a perder e esperam ainda ter na vida um raio de luz que ilumine o caminho por onde trilham. Contudo, não deixa de ser uma cruz.

Todos temos a nossa cruz, seja ela qual for, e isto significa que temos adversidades. Na verdade nem sempre as coisas correm tão bem como esperamos e raramente correm melhor, mas de qualquer modo, as correntes contrárias aparecem ao virar da esquina e quase sempre sem avisar. Isto aplica-se a tudo e a todas as coisas. Se não vejamos.

A movimentação política que nos últimos dias foram sido notícia neste país para a formação do novo governo e o que se tem verificado paralelamente na Assembleia da República que levou a votações extemporâneas de assuntos e matérias como a extinção do exame do quarto ano de escolaridade, não seriam diferentes depois de o Ministro da Educação ser ouvido sobre o assunto? Será que é minimamente ético e democrático votar na Assembleia da República, um assunto tão importante, sem saber a opinião do ministro da tutela sobre o assunto em questão, que aliás tinha acabado de tomar posse e ainda nem sabia onde era o seu gabinete? Que cruz carregará ele daqui para a frente? E será que se Costa adivinhasse que quem que mandar na Assembleia e em todos os deputados do PS é Catarina Martins, ele não arrepiaria caminho? É que metido entre dois fogos, Jerónimo e Catarina Martins, ele vai começar a arder não tarda muito. Vai ser uma cruz terrível para carregar por algum tempo. Será que vai aguentar? É que Jerónimo também não está a gostar muito da atitude de Catarina que, para não ser mais papista do que o Papa, nem se atreve a intervir no hemiciclo. Embora pareça que ela não carrega cruz alguma e que tem o caminho livre de escolhos, o certo é que a sua cruz também vai chegar e certamente não será a Cruz de Tau, mas a mesma que levou Cristo ao monte das oliveiras para ser cricificado. E o melhor é não esquecemos de que eram três as cruzes nesse dia que enfrentaram a fúria dos homens e dos céus!


Partilhar:

+ Crónicas

E se acorda rebentar?

E agora?

Será que vale tudo?

O assassino da liberdade

Só promessas

O Mundo em Chamas

De lés a lés

A aliança do desespero

O que nos querem vender?

Pantanal Político

Os interesses da guerra

Á beira do caos