Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Regresso às aulas

…por trás das razões economicistas não estão as eleições Presidenciais?

Hoje pode vir a ser recordado como o dia mais triste da nossa existência, pois em causa estão os seres mais importantes do Mundo, aqueles que mais valorizamos: os nossos filhos.

A DGS trata todos os alunos com a mesma bitola, bebés, crianças, adolescentes, jovens, homens e mulheres. Será que são de tratar? Então não têm comportamentos diferentes? Não vêem o perigo de forma diferente? Não assumem responsabilidades em diferentes patamares? É justo assumir-se esta (ir)racionalidade? É para servirem de cobaias? É para atingir a imunidade de grupo? Alguns são uns inocentes, porquê esta provação? Tanta pergunta sem resposta.

Podia a DGS ter acautelado um medidor de temperatura para testar todos aqueles que entrassem na escola, não resolvia tudo, como não seria um grande investimento, mas no mínimo mostrava preocupação e respeito pelos homens hoje e de amanhã.

Os estudantes serem infectados, pelo conhecimento disponível, não lhes aportara grandes problemas de saúde, possivelmente a generalidade nem vai sentir alguma perturbação, o que tornarem-se assintomáticos, só por si, é um grande problema para a “bolha” familiar, dado esta incluir idosos (pais e avós) e alguns, numa situação débil, porque a mortalidade nestas idades, nem se põe. E os professores e auxiliares, não deveriam ser mais protegidos?

Hoje, sabemos que uma Universidade iniciou há dias as aulas e quase a totalidade dos alunos já estão em casa depois de aparecerem surtos de infecção. Também algumas creches e escolas encerraram, pelo mesmo motivo. Não podemos pegar nestes exemplos e parar para pensar?

Pelos números disponibilizados pela DGS, podemos tirar algumas conclusões como: os novos casos acumulam, as recuperações são lentas, os internados aumentam e enquanto os óbitos estão estabilizados. 

Então, podemos questionar-nos sobre a razão (ir)racional de se ter decretado o início das aulas presenciais para todos os alunos, no mesmo dia ou, ao invés, ser progressivo e ir sendo monitorizado? Tivemos bons resultados com as aulas em “e-learning”? Com a opção mista, presencial e à distância, a escola ficava disponível e com melhores condições para ministrar aulas presenciais, se necessárias, nalgumas disciplinas com mais segurança.

Não podemos é com esta solução imputar os custos e constrangimento totalmente aos pais. Para implementar esta alternativa, era necessário recorrer novamente ao teletrabalho, para os pais com filhos até aos doze anos e outras iniciativas que com a experiência acumulada se possam implementar.

Os professores, auxiliares e alunos identificados como de risco, pelo médico de família, já lhes deveria ter sido disponibilizado condições para poderem contribuir no seu papel em regime de ensino à distância.

Será que por trás das razões economicistas não estão as eleições Presidenciais? Sim, porque os eleitores não vão sancionar o poder por um maior número de infectados. Mas, se a crise económica se agravar, se em Janeiro o desemprego crescer exponencialmente e o rendimento familiar baixar, os responsáveis políticos vão sofrer nas urnas as consequências das suas políticas, talvez com questionável justiça.

Resta-nos esperar que as perspectivas não se confirmem nas expectativas.

Bragança, 17/09/2020

Baptista Jerónimo


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