Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

O Ministro e o Sociólogo

Augusto Santos Silva, sociólogo e um dos mais experientes políticos portugueses (secretário de estado e responsável, até ao momento, por seis ministérios) e nos “intervalos” deputado, só mesmo no “contexto” é que poderia tecer considerações sobre os Gestores/Empresários portugueses e considerar que um dos principais problemas das empresas portuguesas é a “… fraquíssima qualidade da sua gestão…”.

No currículo disponível, enquanto sociólogo, não se conhece nenhum estudo sobre este assunto que, à margem da política, o avalize para se pronunciar sobre esta temática, constata-se que depois dos estudos foi professor e desde 1995 é político em exclusividade.

Enquanto político, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, de certeza que só descontextualizadas as declaração é que se pode concluir a desproposita intervenção e conclusão que lhe querem atribuir.

Depois, não podemos meter no mesmo “saco” Gestores Profissionais e Empresários Gestores. Nos primeiros, temos óptimos, formados em Universidades que constam dos variadíssimos rankings, portanto o seu contributo está só dependente da selecção nos disponíveis e nas condições que lhe são proporcionadas para exercer a tarefa. Os segundos é que podem ser carentes de alguma formação/competência em Gestão. Nestes, à parte os políticos que gerem empresas públicas e autarquias, temos de separar os Grandes Empresários dos Pequenos Empresários, tendo em atenção se é empresa familiar ou não.

Nas grandes empresas o problema, a existir, não é tão notório dado a capacidade de recrutar Gestores Profissionais, de os reter, proporcionar uma expectativa de carreira e segurança. Se inteligentes, são bons “ouvidores”, analisam as propostas, libertam-se dos manipuladores, dos lambe botas e tomam as boas opções. Nas pequenas empresas, agravando-se se o negócio se vem e continua na família, o Empresário Gestor, pelo histórico destas empresas, revelam-nos alguma incapacidade na gestão. Nem sempre por incompetência mas, pela dimensão que não lhe permite posição concorrencial seja nos produtos e serviços como na contratação e retenção dos Recursos Humanos. Também é verdade que os herdeiros, destas empresas, nem sempre viram necessidade de se formarem, adquirir competências: bastava seguir o negócio. Neste caso estão criadas as condições para haver choque no relacionamento entre os colaboradores (muitas das vezes com mais competências) e os empresários, sendo que se agrava quando a procura aumenta e/ou o desemprego baixa.

Depois, epistemologicamente só os colaboradores é que frequentam, e bem a obrigatoriedade da formação contínua, formações para aumentar as competências e, outros há, que prosseguem os seus estudos académicos. Se, antes, tinham conflitos relacionais laborais entretanto agravam-se.

E os Empresários que formações ou actualizações de conhecimento vão tendo? Porque é que o estado, obriga às entidades empregadoras a disponibilizar formação aos colaboradores e não cria incentivos fiscais também para a formação dos empresários? Estariam os empresários disponíveis?

Os verdadeiros Empresários estão. Fazer um diagnóstico das necessidades formativas e depois disponibilizar minicursos, levados à prática prioritariamente pelos Politécnicos, versando disciplinas como Economia, Marketing, Gestão de Empresas, Fiscalidade, Contabilidade, Direito Comercial, Recursos Humanos, etc. à medida dos Stakeholder.

O conhecimento às empresas, na maioria das vezes, chega pelo veículo dos fornecedores, na apresentação de novos equipamentos, matérias-primas, produtos, tendências de mercado, políticas públicas, estratégias comerciais e tantos outros, mas este, pode vir com algum enviesamento.

Sr. Ministro, aceitando suas desculpas por “descontextualizadas”, não quer levar o assunto a conselho de ministros?

Bragança, 09/01/2012

Baptista Jerónimo


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