A Estrada Nacional 2 (EN2), que atravessa o país, vai dispor de um observatório para monitorizar, avaliar impactos e apoiar o desenvolvimento de estratégias de desenvolvimento, uma iniciativa anunciada hoje pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

O projeto envolve ainda a Associação de Municípios da Rota da EN2 e conta com cerca de 40 investigadores de 13 instituições de ensino superior.

De acordo com a UTAD, localizada em Vila Real, o observatório que se pretende implementar tem como objetivos “monitorizar, avaliar os múltiplos impactos diretos e indiretos e servir de apoio à formulação de estratégias e políticas de desenvolvimento”.

“Integra-se nos valores do turismo sustentável que defende uma forma de turismo que compatibilize e integre os aspetos naturais, culturais e sociais com o desenvolvimento económico nestes espaços”, afirmou Teresa Sequeira, investigadora do Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento (CETRAD), da UTAD.

Luís Machado, presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião e da Associação de Municípios da Rota da EN2 (AMREN2), afirmou à agência Lusa que este projeto vem ao encontro das aspirações dos municípios e está relacionado com o estudo do impacto da Rota da Nacional 2 nas comunidades.

O observatório, segundo o autarca, vai avaliar o impacto socioeconómico da EN2 na vida das pessoas, das que residem ou trabalham ao longo da estrada que atravessa o país, e vai também ajudar a definir novas estratégias e caminhos.

Segundo Teresa Sequeira, o observatório “pretende ainda contribuir para os objetivos da agenda 2030, através da valorização e proteção dos recursos naturais, paisagísticos e culturais únicos dos territórios das áreas atravessadas e envolventes da EN2, bem como das suas gentes”.

“Tratam-se de territórios do interior, na sua maioria de baixa densidade e com todos os problemas demográficos, sociais e económicos inerentes, e que urge reverter, pelo que a dinamização turística da EN2 pode constituir um instrumento de grande impacto para estes territórios”, salientou a investigadora.

De acordo com o autarca, o observatório vai ser alvo de uma candidatura ao Turismo de Portugal, no entanto, adiantou ter a “esperança” que no fim do primeiro semestre deste ano “já estejam no terreno as primeiras ações” e que, no final do ano, já “haja resultado de alguns estudos para partilhar”.

Luís Machado foi um dos impulsionares da Rota da EN2, a estrada que atravessa o país ao longo de mais de 700 quilómetros, de Chaves até Faro.

A EN2 é muitas vezes comparada com a 'Route' 66, porque, à semelhança do que acontece com a estrada norte-americana, também rasga o país de uma ponta à outra.

O autarca salientou ainda que a EN2 se transformou numa “atração turística”, que proporciona “opções diferentes” para os viajantes, é um “produto intergeracional” e foi também um “destino seguro” em tempos de pandemia.

Em 2020, quando assinalou 75 anos, a EN2 foi atravessada por cerca de 70 mil pessoas.

“Os nossos números, por baixo, indicam que as pessoas que fizeram a N2 ultrapassaram as 70. Foi um ano extraordinário e foi também o consolidar do trabalho que já vinha a ser feito”, frisou.

Em 2019, foram “acima das 30 mil” as pessoas que percorreram aquela estrada.

Luís Machado disse ter a expectativa que, em 2021, se mantenha a tendência de crescimento.

A Nacional 2 passa pelo interior das povoações, de Trás-os-Montes ao Algarve, e liga paisagens tão diferentes como as vinhas do Douro, as planícies do Alentejo ou as praias do sul do país.

Foto: AP



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