Vai ser lançado, no dia cinco de Junho, o CD-ROM «o lobo em Vila Real». A iniciativa faz parte de um projecto, financiado pelo Programa Operacional do Ambiente, que visa a gestão do núcleo populacional do lobo no Parque Natural do Alvão (PNA).

Segundo o biólogo José Nascimento, este material informático incluirá \"diversas informações sobre o lobo, o seu habitat, a sua biologia e as ameaças de que é vítima\". Essas informações serão transmitidas \"através do recurso a muitas imagens, gráficos e ilustrações, de forma acessível a toda a gente, inclusivamente às crianças. Aliás, os responsáveis pelo projecto esperam mesmo \"desmistificar\" a imagem do \"lobo-mau\" que é transmitida aos mais pequenos pelas histórias infantis. Muitos desses contos, como o do capuchinho vermelho, continuam a fazer crescer nas crianças o medo por estes animais.

Mas também continuam a existir no imaginário popular as histórias de lobisomens, relacionando este animal criaturas demoníacas vindas das trevas. No entanto, o biólogo José Nascimento explica que \"o lobo não é um perigo para o homem\", e salienta que, \"neste momento, não se conhecem casos de ataques de lobos a humanos\". Para o especialista, \"o homem representa um perigo muito maior para esta espécie\", pois o lobo continua, ainda hoje, a ser perseguido por ele. José Nascimento lembra que são utilizadas diversas armadilhas para capturar estes animais, desde o envenenamento de carcaças destinadas à sua alimentação, à utilização de armas de fogo. Muitas destas perseguições devem-se aos prejuízos económicos causados pelo lobo, que por vezes devora animais domésticos. No entanto, o biólogo considera que \"o aumento de ataques aos animais de pastoreio não está relacionado com um maior número de lobos, mas com o desmazelo na arte de pastoreio\". Isto porque, explicou, \"os pastores deixam o gado sozinho nos campos, o que o torna uma presa fácil para os lobos, que nos últimos anos viram diminuir o número de presas que fazem parte da sua cadeia alimentar, como o corço e o javali\".

Têm sido contabilizados anualmente cerca de 500 ataques de lobos, cujos prejuízos são pagos pelo PNA, que fiscaliza e monitoriza todo o distrito de Vila Real e alguns concelhos do Douro Sul pertencentes ao distrito de Viseu. No último ano, afirmou José Nascimento, \"foi possível ordenar a actividade cinegética na zona protegida do Alvão/Marão, que tem uma área de 58.788 hectares\". Hoje, segundo palavras do biólogo, \"já é possível conciliar a actividade cinegética com a salvaguarda das espécies que habitam nesta zona, pois definimos zonas onde, em determinadas épocas do ano, é interdita a caça, por se tratar de locais importantes para a reprodução dos animais\".

O Instituto de Conservação da Natureza iniciou, no ano passado, um censo para contabilizar o número de lobos que ainda existem no território. Em Vila Real acredita-se que existam cerca de cinco a sete alcateias, presumindo-se que possam existir mais.



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