A Misericórdia de Vila Real assinala em 2025 o centenário das Florinhas da Neve, instituição que acolhe crianças e jovens do sexo feminino provenientes de famílias desestruturadas e que, num século, já ajudou 680 meninas.

“É um porto de abrigo de crianças”, afirmou hoje Vítor Santos, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real.

A casa das Florinhas da Neve, instalada na cidade transmontana é, segundo destacou, uma “valência especial” que “tem desempenhado um papel crucial” no acolhimento e desenvolvimento das utentes.

“São as crianças, é a vida, é o futuro que está ali”, frisou o provedor, salientando que a instituição é acolhimento e é reinserção social, proporcionando “todas as ferramentas” às meninas para o ingresso no mercado de trabalho e para terem uma vida autónoma.

As utentes são enviadas para este lar pelo tribunal, comissão de proteção de menores ou pela Segurança Social, acolhendo atualmente 27 meninas, desde bebés até aos 21 anos. São crianças que estão em risco e que são retiradas às famílias.

Em 100 anos, passaram pela instituição 680 crianças e jovens.

“As crianças aqui têm colo, têm mimo, amor e carinho”, realçou Helena Rodrigues, responsável pelas Florinhas da Neve, destacando ainda as comemorações “simples e singelas” do centenário que decorrem até dezembro e que querem envolver a comunidade.

A 21 de junho haverá um concerto pela banda de música da Portela, a 17 de outubro será inaugurada a exposição ”Florinhas da Neve ontem – hoje” com fotografias, vídeos, trabalhos das utentes e documentação, como o livro de registo com o nome das meninas que por ali passaram em 100 anos.

A 06 de novembro haverá um concerto de saxofonistas, no dia a seguir um colóquio sobre o passado, presente e futuro desta casa e, a 08 de dezembro, dia do centenário, a celebração começa com uma eucaristia na Sé Catedral, haverá um encontro de meninas que passaram pela instituição e momentos musicais.

A comemoração termina a 18 de dezembro com o concerto de órgão de tubos por Giampaolo di Rosa.

Paralelamente haverá iniciativas mais internas, dirigidas às meninas, como um piquenique, palestra sobre literacia financeira e ‘workshops’ de culinária e pintura.

Criada a 08 de dezembro de 1925 pelo então bispo João Evangelista de Lima Vidal, a instituição foi, até ao 25 de Abril de 1974, uma escola de donas de casa.

“Neste momento, o que nós queremos é que sejam autónomas, livres, independentes e que se preparem para a vida tal e qual como os rapazes, os homens”, salientou Helena Rodrigues.

Nas Florinhas, se quiserem as meninas podem aprender a bordar, a costurar e a fazer rendas, mas podem também jogar futebol, frequentar o conservatório de música, aprender artes performativas ou participar no coro criado nesta instituição, onde são ajudadas a ir para um curso universitário ou para um curso profissional.

“Temos uma menina que anda no 2.º de engenharia bioquímica, outra que se está a preparar para entrar no curso de medicina, outra no curso de engenharia informática”, apontou a responsável.

A Misericórdia possui ainda apartamentos para ajudar na autonomização destas utentes e um centro de apoio à vida. Em casos específicos - e para não se separarem irmãos -, são também acolhidos meninos até aos 7 anos.

Com cerca de 500 anos de história, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Real atualmente presta apoio a mais de 500 utentes em várias valências, desde a creche, jardim de infância, serviço de apoio familiar, lar de idosos ou uma cantina social onde são servidas, em média, 30 refeições diárias.

Possui 200 colaboradores e um orçamento anual de 5,8 milhões de euros, 67% do qual se destina ao pagamento de salários.

As receitas provêm dos acordos e protocolos de colaboração com o Estado e dos pagamentos por parte dos utentes e, segundo o provedor, a sustentabilidade é uma preocupação constante porque “as necessidades são ilimitadas e os recursos limitados”.



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