Após do recente artigo do deputado por Vila Real  Ascenso Simões, recebemos um comunicado da JSD Vila Real que passamos a publicar.

 

Comunicado:

 

DO REVISIONISMO HISTÓRICO DE ASCENSO SIMÕES AO SILÊNCIO DOS DIRIGENTES SOCIALISTAS DO DISTRITO DE VILA REAL

A JSD Distrital de Vila Real, enquanto estrutura promotora de um papel cívico mais ativo e informado junto das novas gerações, não podia deixar passar, sem um alerta de preocupação a todo o Distrito de Vila Real, as declarações do cabeça de lista do Partido Socialista pelo círculo eleitoral de Vila Real nas eleições legislativas de 2005, 2015 e 2019, Ascenso Simões.

A gravidade das suas declarações tem um sentido rebuscadamente profundo, e que nos causou bastante inquietação. Consideramos que o distrito de Vila Real necessita de uma clarificação, não só do Deputado Ascenso Simões, bem como das estruturas socialistas locais e distrital. Caso contrário, o silêncio deixará o Partido Socialista conivente com uma visão divisionista e sectária da história e cultura portuguesa. Não queremos, naturalmente, acreditar que haja alguma agenda revisionista escondida nas fileiras do PS e que agora se revelou.

Vem, assim, a JSD Distrital de Vila Real manifestar um sentimento de rejeição e de perplexidade perante a visão político-histórica-cultural que nos é apresentada pelo deputado socialista Ascenso Simões, pelas mais variadas razões, que passamos a elencar seguidamente:

Num artigo publicado no jornal Público, no passado dia 19 de fevereiro, Ascenso Simões afirma que “o país esquece rápido o seu passado”, “O 25 de abril de 1974 não foi uma revolução, foi uma festa. Devia ter havido sangue, devia ter havido mortos, devíamos ter determinado bem as fronteiras para se fazer um novo país” e que, nesse contexto, o monumento Padrão dos Descobrimentos “devia ter sido destruído”.

Em primeiro lugar, Ascenso Simões - e o Partido Socialista, se mantiver o silêncio - parece desconhecer a própria história portuguesa, ou melhor, querer reinventá-la sustentando-se numa certa perniciosidade, quando identifica o monumento do Padrão dos Descobrimentos como uma espécie de expressão cultural e política do Estado Novo e não como uma exaltação à epopeia dos descobrimentos de Portugal. Um símbolo de um Portugal global!

Importa atentar, aliás, que a exaltação da importância histórica dos descobrimentos e da extensão territorial portuguesa pluricontinental, iniciada nas primeiras décadas do século XV - e que se espalhou por um vasto número de territórios que hoje fazem parte de 53 países diferentes - não é exclusiva do Estado Novo, mas também, inclusive, da própria política da Primeira República Portuguesa ou, antes dela, da Monarquia Portuguesa. Esta exaltação histórica é, portanto, de todos e que nos engrandece em toda a nossa identidade.

Em segundo lugar, o deputado socialista parece desconhecer - ou querer ignorar - a história do seu próprio partido político, o Partido Socialista, e do seu “pai fundador”, Mário Soares, o líder histórico socialista que usou sempre a sua liberdade como forma de atingir a reconciliação nacional entre a democracia portuguesa resultante da “Revolução de Abril” (e sedimentada a 25 de novembro de 1975) e o passado político do país. Mário Soares nunca assumiu uma visão de liberdade revolucionária e dogmática, mas, antes, uma visão de liberdade assente na divergência democrática e num espírito reconciliador.

Ao invés, Ascenso Simões - e o Partido Socialista, se mantiver o silêncio - parece assumir, assim, uma visão política da história assente na necessidade de nos livrarmos dela, isto é, na necessidade de destruir tudo o que nela está associado aos regimes transatos à democracia, numa certa tentativa de limpeza do nosso passado coletivo. O deputado socialista propõe, no fundo, passar uma vassoura na história portuguesa, numa espécie de proclamação provocatória e divisionista do triunfo dos vencedores sobre os vencidos.

Em terceiro e último lugar, achamos que é importante questionar o próprio, bem como os dirigentes máximos do Partido Socialista do distrito de Vila Real, a propósito da transversalidade desta visão histórico-político-cultural para o nosso distrito. Podem os concelhos do distrito estar descansados sobre eventuais tentativas de destruição patrimonial? A título de exemplo potenciais retiradas de estátuas como a de Diogo Cão, em Vila Real, em homenagem ao descobridor vila-realense do séc. XV, ou a estátua de D. Afonso de Bragança, em Chaves, em homenagem ao fundador da casa real que nos governou durante 270 anos e depois foi depois deposta pela implantação da república que hoje celebramos 5 de outubro, ambas as estátuas erguidas durante o período do Estado Novo?

Deveremos “cancelar” a nossa história e o nosso passado ou, pelo contrário, saber compreendê-lo à luz das suas circunstâncias e do seu tempo?

A JSD Distrital de Vila Real, não tem dúvidas, assumir a história do nosso país com plenitude e respeito, engrandece-nos. Engrandece Portugal!

 

André Fontoura Faria,

Presidente da JSD Distrital de Vila Real



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