O primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, foi vaiado hoje, durante a inauguração do troço do IP3 Vila Real/Régua, por dezenas de populares que se manifestavam contra a introdução do pagamento de portagens nesta via.

O governante foi recebido em Vila Real com insultos por parte de alguns populares mais exaltados, que se mostravam indignados por lhes não ter sido permitido chegar perto de Pedro Santana Lopes \"por não terem convite\".

O primeiro-ministro reagiu com desportivismo e agradeceu tanto \"os aplausos como os protestos\", considerando que estes significam que se vive num país \"democrático\".

As vaias a Santana Lopes em Vila Real contrastaram com os milhares de populares que saíram às ruas em Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar para saudar o chefe do governo, que inaugurou, respectivamente, os novos edifícios da Misericórdia e da autarquia local.

Os populares protestavam contra a introdução do pagamento de portagens no IP3, futura A24, uma medida anunciada recentemente pelo Governo e que será aplicada a partir de Março de 2005.

Apesar de afirmar estar consciente das expectativas criadas às populações nas áreas das concessões SCUT (auto-estradas sem custos para o utilizador), o primeiro-ministro salientou a necessidade de encarar este problema de frente.

Lembrou mais uma vez os custos das SCUT para o Governo e frisou que será feito um \"equilíbrio\" que respeite as necessidades das populações locais, pelo que o pagamento das portagens será feito em função do nível de rendimento que cada um aufere ou de ser ou não originário dos concelhos abrangidos por essa rede viária.

João Pedro Lino, do Movimento de Utentes Douro sem Portagens, considerou que a introdução de portagens na A24 é \"profundamente prejudicial e injusta para a economia e as populações do Douro\" e salientou que se trata de uma medida que em nada vai contribuir para \"combater a interioridade e a desertificação\" da região.

\"A EN2, pelo seu traçado e porque atravessa centenas de localidades, não pode ser considerada como alternativa\", afirmou.

Segundo as estimativas do novo movimento, por exemplo, uma viagem entre Lamego e Viseu custará 3,25 euros aos ligeiros e 9,10 euros aos pesados e entre a Régua e Vila Real vai custar 1,25 euros aos ligeiros e 3,50 euros aos pesados.

João Pedro Lino mostrou-se indignado porque não foi possível chegar perto de Pedro Santana Lopes, a quem queriam pedir para assinar uma petição que apela ao Governo para repensar a questão das portagens.

Ao mesmo tempo, um outro grupo de populares protestava contra o atraso no pagamento das expropriações dos terrenos por onde foi construído o IP3.

O lanço hoje inaugurado atravessa três concelhos, designadamente Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião e Vila Real, e possui nove viadutos.

A sua construção teve início no primeiro trimestre de 2002 e foram necessários cerca de 1.000 trabalhadores para a construção deste troço da A24.

Depois de inaugurar os 23 quilómetros que ligam Vila Real à Régua, Santana Lopes referiu que até 2007 estarão concluídos os 80 quilómetros de IP3 que vão ligar Vila Real até à fronteira de Vila Verde da Raia, em Chaves.

O primeiro-ministro aproveitou ainda para falar sobre os \"percalços\" que teve enquanto presidente da Câmara de Lisboa, relativamente à obra do túnel do Marquês.

\"Deixei passar uns dias até hoje, domingo, para dizer que, apesar dos tribunais me terem dado razão, ainda não vi ninguém ter a dignidade de me pedir desculpa ou pedir desculpa aos milhares de pessoas que foram prejudicados pelo processo\", referiu o autarca.



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