Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

O Sr. Joe Berardo e os Vampiros

Tenho muita dificuldade em alinhar pela generalidade dos “opinadores” e comentadores sobre o caso Berardo, penso que no mesmo patamar se encontra a generalidade dos Portugueses, por duas razões fundamentais, a primeira, não temos dados para formular uma opinião cuidada e a segunda, é muito técnica e carece de conhecimentos de várias disciplinas. Dentro destes pressupostos, passo a explicar porquê.

  1. Como é possível que três instituições bancarias (CGD, BES/NB e BCP) emprestem 1 000 000 de euros sem garantias reais?

Só vejo a hipótese de alguns dos Administradores destas instituições serem corruptos, incompetentes, negligentes ou gananciosos, pois com estes “financiamentos” melhoraram o desempenho das “suas” instituições que se veio a reflectir no prémio anual individual.

  1. Como é possível que estes Administradores ainda não fossem (foram?) ouvidos, investigados, acusados e julgados, no mínimo por gestão danosa, com a respectiva devolução dos prémios recebidos. E, se vierem a ser condenados, ressarcir as instituições dos prejuízos causados, onde tiveram salários inacreditáveis para o comum dos Portugueses?
  2. Como é possível que os mecanismos internos de controlo e boas práticas de gestão destas instituições, não detectassem a “marosca”?
  3. Como é possível os auditores, Revisor Oficial de Contas e outros crivos da Banca, não tivessem detectado estas irregularidades?
  4. Como é possível que esta situação tivesse passado pelo Banco de Portugal? E, se à data não deu por nada (!) porque é que ainda não se pronunciou?
  5.  E os vários Ministros das Finanças, também não sabiam de nada?
  6. Será que a Associação Portuguesa de Bancos, também nada sabia?

Temos de estar de acordo que existe muita matéria para investigar, haverá pela certa vários crimes, cúmplices, promiscuidades, conflito de interesses, no mínimo é tudo muito estranho, ou o Zeca Afonso continua a ter razão: Vampiros – “Eles comem tudo eles comem tudo. Eles comem tudo e não deixam nada” .

Podemos, caso queiramos ser simpáticos para o Sr. Joe Berardo, dando crédito ao que ele disse na audição na Assembleia da República: “eu não pedi nada …, foram eles que vieram ter comigo …, eu nunca arriscava a minha vida …, eu disse para vender …”, que ele foi o instrumento, para os anteriormente citados e outros cujos nomes têm vindo a público, tirarem benefício próprio. Então será que o Sr. Berardo é a vítima? Claro que não, mas só por uma razão é que o pagante, a quando do início deste golpe, já tinha destinatário – O Povo Português. Então o Sr. Berardo é o quê? Pelo que vi e ouvi, era a pessoa certa (o boçal que virou finório?), para alguns senhores conseguirem os seus intentos sejam políticos e/ou económicos. E no futuro quem vai ser o Sr. Berardo? Vai ser o “bode expiatório”, dá jeito haver onde descarregar todos os males do mundo e nada melhor do que criar o monstro Berardo, para os verdadeiros culpados, os ideólogos, passarem entre as pingas da chuva e saírem desta contenda sem se molharem e com ganhos objectivos.

Já não é a primeira vez que comento a qualidade dos nossos deputados (alguns) pois, nesta audição, além das “bocas” para os media pegarem, notou-se que não dominavam o dossier, o Advogado do Sr Berardo chegou e sobrou para todos. Também, se os nossos legisladores, fossem competentes, neste momento não estaríamos neste imbróglio, sem saber como vai ser o desfecho aliás, como em muitos outros casos.

Como última nota, aconselho a Assembleia da República a contratar o Advogado do Sr. Joe Berardo - André Luiz Gomes de seu nome, para ele preparar a legislação para futuros casos estarem contemplados na lei, sem “buracos” e não assistirmos a este imbróglio de Fundação para um lado, Associação para o outro e o dito individuo que é dono, manda, diverte-se, goza, mas aos olhos da lei … não há nada a fazer (!?).

Baptista Jerónimo 


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