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O Caso SEF

Retrato de igreja
Manuel Igreja

O Caso SEF

Estivemos todos mal. No nosso país, tido e havido como entre os civilizados, um estrangeiro que pretendia entrar fronteiras adentro, foi assassinado pelo que menos ao que tudo indica, para salvaguarda que isto destas coisas uma pessoa nunca sabe como acaba.

Num país que tem entre os seus alguns milhões de partiram em busca de uma vida melhor atravessando fronteiras e barreiras às escondidas não temendo demónios e infringindo leis, em pleno século XXI, alguém vindo da sua terra para vir até à nossa, foi detido e barbaramente assassinado.

Não chegou a passar a linha e andando por aí pelos becos onde rufias de navalha na mão estripam e maltratam para roubar. Ficou confinado numa sala sob a tutela do Estado, onde em teoria deveria como qualquer pessoa, ser tratado com dignidade e com a urbanidade próprias das sociedades desenvolvidas.

Tentou fazer o que milhões de portugueses fizeram desde há séculos e ainda fazem hoje, mas foi vítima da barbárie em estado puro. Não foi cozido no caldeirão dos canibais nem lhe tiraram o escalpe, mas tiraram-me a alma do corpo e lançaram na escuridão os seus familiares distantes a milhares de quilómetros quase na outra ponta da Europa.

O filme verdadeiro de terror infinito acontecer há meses. No entretanto, quase ninguém ligou, quase ninguém se escandalizou, ninguém exigiu justiça célere, ninguém pediu perdão à mulher e aos filhos do desinfeliz.

Teve a infeliz ideia de tentar vir até nós, certamente cheio de sonhos, mas encontro o seu derradeiro e horrível pesadelo. Ao costume, levantou-se uma breve fervura, mas depois demos toda a atenção desatenta para outras coisas. Porque correu mal o esconder por parte dos diretamente envolvidos na morte, levantou-se o costumeiro rigoroso inquérito, detiveram-se os indiciados de culpa e todos dormiram descansados. Enquanto isso, lá longe a viúva de marido e de justiça, tenta sobreviver com a superior dificuldade de tentar atenuar a dor aos jovens filhos.

Faz das tripas coração para diminuir as dores da coroa de espinhos, recebe o corpo morto do marido para que fique para sempre na terra que é a deles, faz exéquias e tenta fazer o luto. No início e no desenrolar do infame processo, o Estado português não soube ser o Estado de uma Nação civilizada. Ora, sendo ele todos nós, logo, nós soubemos ser nem estar.

Nem sequer um mero telefonema de lamento e de condolências alguém fez para tentar reconfortar um pouco a dor dos espinhos na alma, o ardor das lágrimas que escorrem dos olhos que viram esperançosos o marido partir para a terra prometida. Ninguém ligou para a antes de tempo viúva de Ihor Homeniúk.

O Presidente da Republica sempre lesto a comunicar solidariedade fez de conta, o governo assobiou para o lado, a oposição não fez grande questão, e os cidadãos não revendo nele um dos nossos e daqueles que se não limitaram nem limitam a ficar, encolheram os ombros.

Quanto a mim, que passa a vida a escrever sobre tudo e mais alguma coisa porque gosto e penso que outros gostam, só agora me dei a esse trabalho, só agora senti essa obrigação. Levei uma estocada na alma e no orgulho.

Vi na televisão a mulher ainda jovem de Ihor dizer que odeia Portugal. Senti vergonha. Coloquei-me no lugar dela, e imaginei o que sentiria.

Vislumbrei coisas que sucedem no meu e seu país que são indignas, incivilizadas e impróprias aqui ou em qualquer lugar. Todos, vemos, ouvimos e lemos, por isso não podemos ignorar.

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