Teresa A. Ferreira

Teresa A. Ferreira

Marca identitária, ou abuso?

Hoje, vou debruçar-me sobre as marcas identitárias de cada município que compõe a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes: Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.

Em matéria de proximidade e transparência para com o cidadão, Alfândega da Fé faz reuniões camarárias transmitidas em direto. Destaco a realização de feiras e festas: Mercadinho Flor da Amendoeira e Festa da Cereja & Co, para divulgação e escoamento dos seus produtos, ajudando os produtores.

O município de Bragança zela pelo recato quanto à divulgação de festas religiosas, não abusa da marca do município em proveito pessoal e cuida da proteção da imagem de crianças e jovens. Tem uma feira anual de renome Nacional – a Feira das Cantarinhas e destaco a Bienal da Máscara, entre muitos outros eventos como, por exemplo, a semana gastronómica do botelo e das casulas. Em contrapartida, sugiro a elaboração de um roteiro turístico “Bragança - Capital da Maçonaria”. É tal a quantidade de símbolos Maçónicos, espalhados pela cidade, que se fica na dúvida: Bragança é o Templo ou tem inúmeros Templos?

Temos de tirar o chapéu ao município de Miranda do Douro. Está sempre em ação, seja com eventos culturais, desportivos, agropecuária, luta pelos direitos sobre o IVA da venda das barragens à Movera, apoia o artesanato, está a trabalhar em três candidaturas a Património Cultural Imaterial: a Língua Mirandesa, Capa de Honras e os Pauliteiros. Sabe aproveitar todos os momentos festivos para relançar tradições, tal como o desfile de Pendões no Naso, ou a Feira da Bola Doce e Produtos da Terra - iguaria única da Páscoa, a posta à mirandesa, etc. Os Pauliteiros têm atuado todos os sábados para alegria dos turistas.

Macedo de Cavaleiros tem apoiado os Caretos de Podence, tem o Azibo para gaudio dos veraneantes, está a apoiar o restauro da igreja de Podence – Monumento de Interesse Público -, assim fosse com as restantes igrejas, classificadas como Património. Destaco a urgência de obras de restauro na Igreja de Santo Antão – Imóvel de Interesse Público, em Vilarinho de Agrochão. Gostaria de apelar à boa vontade do Senhor Presidente para com a população de Murçós – precisam de uma estrada de 6 km alcatroada para os ligar a Agrochão, onde irão suprir as necessidades mais básicas de mercearia e abastecimento de combustível. Veja lá, Senhor Presidente, faça um esforço para se entender com o seu colega autarca de Vinhais e racham a conta ao meio?! O povo de Murçós tem de fazer 23 km, para cada lado, quando precisa de ir a Agrochão.

Se de outra Capital poderei falar é de Vinhais, Capital do Fumeiro. Todos os anos realiza uma feira do fumeiro com enorme projeção nacional, onde os produtores escoam os seus produtos. A produção da castanha também é escoada. Há uma forte aposta na Cultura e eu já tive oportunidade de o constatar visitando algumas freguesias.

Vila Flor tem a famosíssima água Frize, para além dos cogumelos entre muitos outros produtos endógenos. Destaco também o famoso parque de campismo.

No entanto, os autarcas de Mirandela e Vila Flor chamaram a si a marca dos seus municípios. Depreendo que os produtos endógenos sejam os autarcas, tal o uso e abuso da marca identitária do município colada às suas fotografias nas redes sociais. Se os políticos se assumem como produtos endógenos…meus caros…perderam a vergonha e a validade é efémera.

Acorrem, alguns autarcas, a várias missas no mesmo dia, em épocas festivas, para aparecerem nas fotografias, ora segurando o pálio, o andor, abraçando e beijando o povo, ou ladeados pelo pároco. Nunca vi tanta “beatice” só para aparecer na foto.

O Estado quer-se laico: https://www.tribunalconstitucional.pt/tc/content/reserved/ebook_html5/tc_acordaos_0090/ (páginas 622/623)

Quando há festas e/ou acontecimentos públicos, há municípios que cortam, das fotografias, os vereadores da oposição. Honrosa exceção para Miranda do Douro e desconheço que haja outros que também sejam exceções.

Mirandela Cidade J̶a̶r̶d̶i̶m̶Já foi! Agora, está a tornar-se na Cidade Cascalho. Umas mentes iluminadas resolveram substituir 21 jardins por seixo, tijolo partido e casca de pinheiro, argumentando poupança de água. Se acabarem com todos os jardins...poupam, poupam. Que grande falácia - aldrabice - induzir os munícipes a que a poupança está no custo da água! Isto é conversa para enganar quem nada sabe do assunto. O que economicamente mais pesa, na manutenção dos jardins, é a mão de obra. Prepare-se a equipa, da manutenção dos jardins e espaços públicos, para o desemprego. Nesta equação a água não é o que mais encarece, nomeadamente, se se alterar a rega para água não tratada e regarem durante a noite por causa da evaporação. Há relógios programáveis para regar à hora que se quiser. Só quem ainda não viu transformar um deserto em terreno fértil, poderá engolir tal mentira da autarquia. Em Mirandela chega-se a ultrapassar os 50 ºC, no pico do verão. O cascalho absorve e concentra o calor diurno e liberta-o durante a noite. A cidade irá ficar ainda mais quente. Neste município, onde a transparência não existe, pavoneiam-se os autarcas em festas e festinhas, fazendo pose para a fotografia, que leva a marca do município. O retrocesso leva-me a crer que a autarca mor tem por objetivo destruir o que outros, com esforço e engenho, fizeram, nomeadamente: o Eng.º Camilo Mendonça criou o Complexo Agroindustrial do Cachão - veja-se o que resta deste projeto, que foi considerado o melhor do melhor destas Terras; a linha do comboio até ao Tua foi desativa pela Srª Presidente; a cidade está a cair aos pedaços, com casas a esborralhar, mesmo em frente aos Paços do Concelho; os jardins convertidos em amontoados de pedras; as aldeias jazem com idosos esquecidos e abandonados, só lá vão nas campanhas eleitorais para a compra de votos, oferecendo cabazes pagos pela autarquia - é tão bom e fácil dar o que não lhe custou a ganhar, Srª Edil; o Património Cultural é objeto de menor importância e esquecimento, veja-se a Ponte da Pedra, romana, em Torre de Dona Chama, Monumento Nacional, está cravejada de silvas e arbustos, infiltrando-se as raízes nas juntas e pondo em causa a estabilidade de tão importante ponte romana; temos o caso da Serra de Passos / Santa Comba / Garraia, FUTURO EX-LÍBRIS DA REGIÃO, contém um valiosíssimo património arqueológico, mais de 100 painéis com pinturas esquemáticas rupestres com mais de 7 mil anos, considerado o mais importante conjunto desta natureza na Península Ibérica, em que a autarquia aprovou a construção de um parque eólico, dentro da Zona Especial de Proteção – isto é um crime de lesa-pátria e a humanidade; as praias fluviais são promessas e não passam disso, porque não há açudes para reter a água, nem infraestruturas condignas; assim como uma estrada digna que ligue a única vila à cidade de Mirandela, ou à autoestrada A4. Abriram um concurso fotográfico para a melhor fotografia cujo tema é “Violência contra o idoso”. Só uma mente perversa e retorcida é capaz de idealizar tal concurso. Será que os concorrentes vão dar tareias nos velhinhos para conseguirem uma boa foto? Amontoam-se os processos em tribunal contra a Presidente da autarquia. Não acredito que leve o mandato até ao fim. Muito havia para contar…valham-nos as alheiras que sempre darão nome a Mirandela e recentemente um prémio.

Mogadouro, discreta, soma e segue. Aposta na Cultura, no turismo com a divulgação dos Lagos do Sabor, no desporto, na repavimentação das aldeias, na divulgação dos seus produtos endógenos, etc.

Vimioso, um Concelho que premeia a natalidade, aposta no artesanato e produtos locais e tem umas Termas maravilhosas. Está também a atrair jovens nómadas digitais para fixá-los no Concelho. Tem o PInta (parque ibérico de natureza e Aventura); realiza feiras anuais para escoamento de produtos locais - Feira do Pão / Caçarelhos; a feira da Castanha e produtos da Terra / Avelanoso.

Vale a pena visitar os 9 Concelhos!

   Terras de Trás-os-Montes   

• Alfândega da FéMercadinho Flor da Amendoeira, Lagos do Sabor, Vale da Vilariça, Festa da Cereja & Co, amêndoa, azeite, queijo, vinho e fumeiro.

BragançaFeira das cantarinhas, festival do botelo e da casula; Norcaça, Norpesca, Norcastanha, bienal da Mascararte, caretos de Salsas.

Macedo de CavaleirosCaretos de Podence, Lago do Azibo, Geoparque Terras de Cavaleiros, Oceano Rheic (umbigo do mundo), maciço de Morais.

Miranda do DouroLíngua mirandesa, Pauliteiros, Capa de Honras, Feira da Bola Doce e dos Produtos da Terra, Semana gastronómica do botelo e casulas, desfile dos pendões, Feira do Naso, Burro mirandês, Festival Intercéltico de Sendim.

MirandelaAlheiras, Festa dos Caretos, dos Rapazes e de Santo Estêvão de Torre de Dona Chama, Noite de Bombos, azeite, semana gastronómica do rancho, queijo de cabra, romaria da Srª do Amparo, Cidade Jardim.

MogadouroVinhos brancos e rosés, cogumelos, azeite, Encontro Internacional de Máscaras, Festival Terra Transmontana.

Vila FlorCerejas, Água Frize, vinho, azeite, cogumelos.

VimiosoEscrinhos, peliqueiros, castanha, azeite, licores, termas.

VinhaisFeira do fumeiro, feira da castanha, Mil Diabos à Solta.


© 𝑻𝒆𝒓𝒆𝒔𝒂 𝒅𝒐 𝑨𝒎𝒑𝒂𝒓𝒐 𝑭𝒆𝒓𝒓𝒆𝒊𝒓𝒂, 22-04-2023

      𝙉𝙖𝙩𝙪𝙧𝙖𝙡 𝙙𝙚 𝙏𝙤𝙧𝙧𝙚 𝙙𝙚 𝘿𝙤𝙣𝙖 𝘾𝙝𝙖𝙢𝙖,
      Mirandela, Bragança, Portugal.





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