Deambulando pelas ruas, perdida no silêncio humano, sou acordada pelo chilreio de um passarinho que passava bem perto de mim. Devia andar perdido, ou à procura de comida. Tentei segui-lo com o olhar. Deixei de vê-lo e regressei aos meus pensamentos: gostaria de poder contribuir, com o melhor de mim, para ajudar a tornar o mundo mais equitativo. E volta e torna a virar, dou por mim metida em pensamento políticos.
Ora bem! Se há coisas que me incomodam solenemente são a pobreza, a fome, a desigualdade social, a violência, a criminalidade etc., tudo quanto é nefasto à sociedade e ao planeta.
Aqui entre nós:
- Quem tem dinheiro pode usufruir de bons advogados que arrastam habilmente os processos, com subterfúgios, para a questão dar em “águas de bacalhau”. E lá se vão safando os grandes malandros! Ao passo que quem rouba meia dúzia de maçãs, para matar a fome aos filhos, vai preso pelas orelhas e não pia;
- Quem tem dinheiro recorre a hospitais privados onde é atendido rapidamente; os pobres esperam anos pela primeira consulta de especialidade, de cariz urgente, no Serviço Nacional de Saúde. A lista para as cirurgias é interminável;
- Quem tem dinheiro abre o frigorífico e fica cheio de dúvidas em relação ao que vai comer; os pobres, se tiverem frigorífico, encontram apenas uma caixa de manteiga para pôr no pão e não têm dúvidas na escolha.
E poderia continuar a desfiar desigualdades. Não vos quero aborrecer.
O que posso fazer para tornar a vida humana mais justa e digna?
É uma questão que me assola o pensamento, muito amiúde.
Os políticos vão beber o sumo do meu trabalho, ficando eu na esperança de que tomem boas decisões.
A escrita serve para alimentar a alma de quem me lê. E a alma também precisa de ser alimentada ou definha.
Ainda assim dou-me por insatisfeita. Sinto que devia estar no terreno a meter as mãos na massa, usando o meu potencial de conhecimentos, em prol da sociedade.
Sou uma mulher de causas. Sempre estive envolvida em Associações Sem Fins Lucrativos.
É pouco, pelo menos para mim.
Algumas pessoas próximas têm-me dito que eu dava uma excelente autarca.
Vamos ver o que o tempo e o destino me reservam.
Por agora - senhores candidatos às autarquias -, fiquem tranquilos: continuarei a produzir estatísticas, a escrever e a abraçar causas sociais. Por agora. O futuro… a Deus pertence.