Teresa A. Ferreira

Teresa A. Ferreira

Manifesto

Deambulando pelas ruas, perdida no silêncio humano, sou acordada pelo chilreio de um passarinho que passava bem perto de mim. Devia andar perdido, ou à procura de comida. Tentei segui-lo com o olhar. Deixei de vê-lo e regressei aos meus pensamentos: gostaria de poder contribuir, com o melhor de mim, para ajudar a tornar o mundo mais equitativo. E volta e torna a virar, dou por mim metida em pensamento políticos.

Ora bem! Se há coisas que me incomodam solenemente são a pobreza, a fome, a desigualdade social, a violência, a criminalidade etc., tudo quanto é nefasto à sociedade e ao planeta.

Aqui entre nós:

 - Quem tem dinheiro pode usufruir de bons advogados que arrastam habilmente os processos, com subterfúgios, para a questão dar em “águas de bacalhau”. E lá se vão safando os grandes malandros! Ao passo que quem rouba meia dúzia de maçãs, para matar a fome aos filhos, vai preso pelas orelhas e não pia;

- Quem tem dinheiro recorre a hospitais privados onde é atendido rapidamente; os pobres esperam anos pela primeira consulta de especialidade, de cariz urgente, no Serviço Nacional de Saúde. A lista para as cirurgias é interminável;

- Quem tem dinheiro abre o frigorífico e fica cheio de dúvidas em relação ao que vai comer; os pobres, se tiverem frigorífico, encontram apenas uma caixa de manteiga para pôr no pão e não têm dúvidas na escolha.

E poderia continuar a desfiar desigualdades. Não vos quero aborrecer.

O que posso fazer para tornar a vida humana mais justa e digna?

É uma questão que me assola o pensamento, muito amiúde.

Os políticos vão beber o sumo do meu trabalho, ficando eu na esperança de que tomem boas decisões.

A escrita serve para alimentar a alma de quem me lê. E a alma também precisa de ser alimentada ou definha.

Ainda assim dou-me por insatisfeita. Sinto que devia estar no terreno a meter as mãos na massa, usando o meu potencial de conhecimentos, em prol da sociedade.

Sou uma mulher de causas. Sempre estive envolvida em Associações Sem Fins Lucrativos.

É pouco, pelo menos para mim.

Algumas pessoas próximas têm-me dito que eu dava uma excelente autarca.

Vamos ver o que o tempo e o destino me reservam.

Por agora - senhores candidatos às autarquias -, fiquem tranquilos: continuarei a produzir estatísticas, a escrever e a abraçar causas sociais. Por agora. O futuro… a Deus pertence.

© Teresa do Amparo Ferreira, 28-05-2025



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