Henrique Ferreira

Henrique Ferreira

França: geringoncização ou centrização?

Decorreu hoje, 19-06-2022, a segunda volta das eleições legislativas em França e os prognósticos das sondagens à boca das urnas dão uma forte derrota  da coligação do Presidente Emmanuel Macron, («Ensemble», «Juntos» em Português), nesta  volta, mas é necessário ponderar os resultados da primeira, ocorrida em 12 de Junho, pois pode ter havido candidatos dos vários partidos que já tenham sido eleitos por terem amealhado a maioria absoluta dos votos. Assim, só se realiza segunda volta nos casos em que esta maioria não tenha ocorrido e com todos os candidatos que tenham obtido nesta primeoira volta um mínimo de 12,5% de votos relativamente aos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais.

Segundo a Constituição de 1958, a Assembleia Nacional é constituída por 577 deputados, um por cada circunscrição eleitoral da França continental, do Ultramar e do Estrangeiro mas como disse no parágrafo anterior, alguns dos 577 já foram eleitos porque tiveram maioria absoluta na prineira volta e os candiadtos a esta volta já só precisam de ganhar, mesmo sem maioria, para serem eleitos. Havia 49 milhões de eleitores inscritos. A participação, na primeira volta, foi de 48% e, nesta, terá sido de 46%, ou seja, ao redor de 22 milhões.

Não tendo o Presidente a maioria (289), os franceses dizem que a França vai ser governada em «coabitação», situação já ocorrida por três vezes. Resta saber se será uma coabitação ou à Esquerda ou ao Centro ou à Direita

Segundo os resultados projectados, a coligação de Macron ganhará mas não obterá a maioria dos vostos e dos deputados, até ao momento, 245; a de Mélanchon (a NUPES, de Esquerda, unindo socialistas, ecologistas e comunistas), 131; o Partido Republicano, de direita tradicional, 74; e a União Nacional, liderada por Marine Le pen, 89. Hoje, 20-06, o jornal libération fala de «débacle», o Le soir, de hecatombe macroneana e o Libération publica uma infografia com a nova constituição da Assemblée Nationale. Os restantes depuatdos, são eleitos por pequenos partidos: de esquerda, 22; de direita moderada, 4; e de partidos-outros, regionalistas e direita sobranista,  12; (https://www.liberation.fr/politique/elections/resultats-des-legislatives... ). Ao mesmo tempo, fornece o link para uma consulta dos resultados de cada círculo elitoral (https://www.liberation.fr/politique/elections/carte-les-resultats-du-sec... ).

A questão agora é saber se a cohabitação será entre a coligação liderada pelo Presidente e a liderada por Jean-Luc Mélanchon, caso em que teríamos uma geringonça à portuguesa. Pela coligação liderada pelo Presidente e pelo Partido Republicano. Ou  ainda pela coligação liderada pelo Presidente e uma coligação constituindo a Frente Nacional, de Direita, a Union Nationale mas esta é muito pouco provável.

O mais provável é a geringonça à portuguesa mas a França e Macron são imprevisíveis. Dentro de dez dias, já deveremos saber tudo. Mas a Europa complica-se face à situação na Ucrânia porque, quanto menos unidade europeia houver, pior para a Ucrânia e para a própria Europa.

 


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