Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

CAICA – Complexo Agro-industrial do Cachão.

CAICA – Complexo Agro-industrial do Cachão.

Nasce: Federação dos Grémios da Lavoura do Nordeste Transmontano.

FUTURO: Complexo Agro-Industrial Camilo Mendonça?

Falar do CAICA é falar do Transmontano que mais e melhor visão teve para impedir o êxodo do Nordeste (emigração para Europa dado que a da América do Sul já tinha acontecido): Eng. Camilo Mendonça. Não ocupou nenhuma pasta de nenhum governo e foi 3 vezes deputado a 4ª com Marcelo Caetano não aceitou. Homem de saber, ouvido e respeitado de onde lhe advém a influência.

Para Camilo Mendonça o projecto CAICA era só o primeiro de três. O 25 de Abril e a morte prematura, aos 63 anos, interromperam o que poderiam ter sido os maiores projectos de Portugal neste domínio. Trás-os-Montes perdeu o homem que mais e melhor pensou o sector agrícola e derivados, nenhuma Autarquia ainda o reconheceu. Até quando?

Ficaram do Eng. Camilo Mendonça, Estadista e Transmontano, o projecto CAICA, as Barragens de Alfândega da Fé, Cachão, Carvalheira, Vila Flor, Vilares da Vilariça, Vilarelhos e AZIBO do total de 130 em terra batida que tinha em mente e a necessidade da UTAD, mas em Mirandela pela transformação da Escola de Carvalhais.

O CAICA nasce com o objectivo de fomentar o cultivo de vários produtos de qualidade, pagar bem, transformar, para acrescentar valor e contribuir para a economia regional e nacional. Para isso equipou este complexo com indústrias para poder receber azeitona (lagar de azeite e conserva), cereja, figo, fruta cristalizada, marmelada, fruta em calda, picles, tomate (polpa de tomate e ketchup), feijão, espargos, morango, castanha (congelação), pimento vermelho, couve-flor, tremoços, queijaria (leite, produção de queijo, manteiga), avelã, noz, figo, amêndoa, pinhão, leguminosas, adega de vinhos (vinhos de mesa), destilaria aguardente vinícola e de frutos, álcool, lavagem de lãs, Fábrica de Rações e Matadouro (abate de gado ovino, caprino, suíno e bovino) com capacidade de abater o consumo a norte do rio Douro.

Embora constasse do projecto inicial CAICA, ficou por concretizar as fábricas de curtumes, refinaria, óleos, charcutaria, salsicharia e a central de vapor esta, inclusive par produzir energia eléctrica. Disponha também de um laboratório de apoio muito bem equipado e com óptimos técnicos.

Entre os maiores mercados, contavam-se: Canadá, Brasil, EUA, Venezuela, França, Suíça, Áustria, Alemanha, com as marcas de comercialização: Nordeste, Tua, Sabor e Vilariça.

O futuro do CAICA, passa por ser dotado de meios necessários (vontade política, financeiros e fundamentalmente de técnicos, conhecimento). Não estamos a tratar só do futuro da Agricultura de Trás-os-Montes, do Interior Norte, mas de criar emprego nas várias fábricas (acrescentar valor aos produtos), reter e atrair jovens, contribuindo para o desenvolvimento sustentado.

Não pode ser um designo só para duas câmaras (Mirandela e Vila Flor), a missão é o CAICA passar a ser o motor de desenvolvimento. Deve ser envolvido neste projecto mobilizador, integrado e integrar o Primeiro-ministro, Ministério das Infra-estruturas (ligação A4 ao IP2 com passagem pelo Cachão), Ministério da Economia e Coesão Territorial, Partidos Políticos (todos) IPB e UTAD, CCDR-N, CIM-TT e CIM-Douro, Deputados, Autarcas dos Distritos de Vila Real e Bragança, Cooperativas, Associações, Agricultores e população. Todo Portugal neste imperativo Nacional.

Com o encerramento do CAICA (1992), o Estado entregou-o às Câmaras Municipais de Mirandela e de Vila Flor, estas criaram um Parque Industrial - A.I.N. (Agro-Industrial do Nordeste, S.A.), votaram o CAICA à inércia, mostraram incapacidade e ficou no esquecimento durante estes anos.

Se pudéssemos identificar os coveiros do CAICA teríamos o 25 de ABRIL (não só pela inviabilidade económica de meter no quadro perto de 2000 colaboradores sazonais, na tentativa de o emprego deixar de ser sazonal, para depois, não só deixou de ser sazonal como contribuiu para o fecho e daí as consequências conhecidas); nomeações para a Administração de correligionários partidários incompetentes; fecho da linha do Tua 1990 (Governo PSD de Cavaco Silva) dificultou o transporte de mercadorias; José Gama recordado como o melhor Presidente de Câmara, urbanizou Mirandela, tornou-a numa cidade atractiva, mas não investiu o necessário no CAICA. Privilegiou os jardins e rio em detrimento do emprego.

Depois chegou tarde ao grande e indispensável projecto as vias de comunicação (IP4, IP2, IC5 e A4).

O pior que pode acontecer ao Interior Norte é alinharmos no discurso inconsequente de que o CAICA é um investimento megalómano, efectivamente será mas, (no bom sentido) o retorno económico, o emprego qualificado, o combate à desertificação, as assimetrias e a coesão territorial estará garantido.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, Fernando Pessoa

Bragança, 11/12/2020

Baptista Jerónimo


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