Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

A Longevidade impossibilita a mudança e alternância.

Não me ocorre, seja em contexto organizacional empresarial, associativo, partido político ou governo de um País, onde a longa longevidade directiva aporte mais-valias. Os CEO´s das empresas, dirigentes dos partidos políticos onde as suas direcções são eleitas ou nos governos democráticos, dificilmente chegam aos dez anos.

As excepções nas empresas expõem as vulnerabilidades internas aos mercados concorrenciais, ficam à margem da competitividade e da inovação, reagem tardiamente aos desafios, cultivam a adversidade à implementação de mudanças e melhorias contínuas, levantam barreiras ao conhecimento, acumulam perda de rentabilidade e o futuro vital fica comprometido.

Nos partidos políticos, este fenómeno, manifesta-se no afastamento do eleitorado, por vários factores desde a comunicação repetitiva e fastidiosa, as propostas desenquadradas, os dogmas e a ortodoxia mantém-nos emparedados, o horizonte fica constante quando a população nasceu, cresceu e envelheceu, apareceram outros interesses, o conhecimento disponível está mais acessível e partilhado, estes partidos, ficaram imutáveis na ideologia da realidade de outros tempos.

Nos governos ou autarquias, onde a longevidade dos governantes se perpetua é gritante pela negativa, quando na comparação do desenvolvimento agregado com Países ou autarquias de governos de alternância democrática.

As mudanças são necessárias no contexto do emprego ou empregabilidade, atente-se às várias profissões que desapareceram e a quantas novas emergiram. Nos produtos alimentares (como é e foi a nossa dieta alimentar) e de utilidade quotidiana, artefactos, meios de transporte, hábitos, novos hobbies, etc. É nesta dinâmica que, o percurso da vida, exige a adaptabilidade possível e a imparável evolução sempre desafiante para acompanhar o conhecimento gerado ou descoberto, mas não consolidado.

Então, dando continuidade a esta linha de pensamento, porque é que os actores de decisão, em contexto público-partidário, só são bons analistas nos outros? Não entendem que são eles que têm de dar o lugar a outros? Porque é que quando afastados (voluntária e involuntariamente) querem voltar? Que enviesamentos têm da vida política? Quando se tivessem a inteligência de fazer uma introspecção do seu desempenho, chegariam ao desfecho de que, a sua contribuição na função, não deixou saudades.

Com estes actores, limitados e adversos à renovação, torna-se, por vezes, confrangedor quererem impor a sucessão dinástica ou, de delfins com efeito de “aterro sanitário” ou ainda, ficarem de tutores, por vezes curadores, o que caracteriza o perfil do seguidor ao aceitar a incumbência.

As salutares lutas internas trazem lucidez, apontam caminhos, criam união sempre que não se transformam em contendas pessoais do orgulho ferido, de ganhar o poder pelo poder ou, por vinganças infecundas. O significado de renovação não pode ser adaptado a circunstâncias episódicas, de graçolas ou justificativas de apego ao poder mas, renovação de pessoas para refrescar os órgãos, para criar condições de cativar quadros, para as instituições adquirirem conhecimento e tornarem-se mais capazes de responder aos desafios.

Não há organização que avance com homens agarrados ao passado, com ideias retrogradas, com métodos de trabalho e postura de líderes arcaicos, horizontes curtos. Com estes pressupostos, caminha-se a passos firmes e rápidos para entropia organizacional e esta oferta de governação será rejeitada por aqueles que em último têm o poder de decidir, sejam eles os clientes, sejam aqueles que se pronunciam nos sufrágios universais.

Bragança, 15/10/2021


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