O município de Vila Real vai dispor de dois milhões de euros para mitigação dos danos do grande incêndio que, em agosto, teve início na Samardã e queimou cerca de 5.800 hectares, foi hoje divulgado.

O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, no decorrer da assinatura de um contrato-programa, com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no valor de cerca de 750 mil euros, financiados a 100% pelo Fundo Ambiental, para a realização de ações de estabilização de emergência na área ardida.

O incêndio que começou a 21 de agosto, na zona da Samardã, serra do Alvão prolongou-se até 27 de agosto, consumiu 5.800 hectares e afetou área florestal (1.185 hectares), de mato (3.140 hectares) e agrícola (1.477).

Pimenta Machado, vice-presidente da APA, explicou que o investimento hoje protocolado visa “reparar a área que foi afetada pelo incêndio, mas focada no domínio hídrico”, ou seja, no leito dos rios e suas margens.

A área afetada abrange os rios Olo, Felgueiras, Soutelo e Corgo.

As intervenções têm de estar concluídas até ao final de 2023, incluem o recurso a soluções de “base natural” para minimizar os efeitos do incêndio, como erosão e assoreamento de linhas de água, e entre as medidas estão o corte e remoção do material ardido, consolidação e recuperação de taludes e margens, reposição e reabilitação de galerias ripícolas ou reabilitação de açudes.

“Estas intervenções vão funcionar como corredores corta incêndio porque, ao reforçar a galeria ripícola com árvores mais adaptadas, estamos a criar um corredor para cortar o incêndio”, afirmou Pimenta Machado.

Este é também um projeto que "permite adaptar toda esta área do domínio hídrico a esta nova realidade do clima".

"Tornar as linhas de água mais adaptadas a esta variabilidade de água. O que vamos ter pela frente é um clima mais adverso, mais extremo”, afirmou o vice-presidente da APA, que deu como exemplo o ano de 2022, de seca, altas temperaturas, chuva intensa, cheias e inundações.

Rui Santos aproveitou para pedir o alargamento das intervenções às zonas envolventes porque, defendeu, “o arrastamento de materiais da área ardida para as linhas de água e, consequentemente, o rio Corgo, provoca fortes condicionalismos ao meio hídrico”.

“Em toda a área afetada pelos incêndios teremos um investimento, proveniente de vários programas, no valor de aproximadamente de dois milhões de euros (…) Sabemos que a área ardida é uma e as implicações são alargadas às áreas circundantes e afetam o território como um todo”, afirmou.

Para além deste contrato-programa assinado hoje com a APA, o autarca anunciou ainda um investimento de mais 750 mil euros, que será protocolado em fevereiro com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestal (INCF) e que será aplicado em ações de minimização dos efeitos do fogo nas áreas florestais, nomeadamente no Parque Natural do Alvão.

Depois, ao nível das infraestruturas e equipamentos municipais o incêndio provocou danos que resultaram numa candidatura ao Fundo de Emergência Municipal (FEM) no valor de 525 mil euros.

Rui Santos disse que este fogo “catapultou Vila Real para o conjunto de concelhos a nível nacional com maior área ardida, ultrapassando mais de 10% do seu território consumido por incêndios”.



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