O escritor J. Rentes de Carvalho e o professor e tradutor Carlos Ascenso André venceram o Prémio D. Diniz, anunciaram hoje a Fundação Casa de Mateus, em Vila Real, e a Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB).
Entre as obras publicadas em 2023, o júri do prémio distinguiu a tradução de “Arte de Amar”, de Ovídio, por Carlos Ascenso André, sendo a primeira versão portuguesa feita diretamente do latim e publicada em edição bilingue.
Segundo o júri, a obra destaca-se pela “capacidade de revelar ao leitor contemporâneo toda a riqueza e complexidade do verbo amar, da sedução à transgressão, do prazer à sátira”.
“Cravos e Ferraduras”, uma coletânea de contos, crónicas e textos diarísticos de J. Rentes de Carvalho, foi eleita pelo júri entre as obras publicadas em 2024.
O livro de Rentes de Carvalho é “uma observação crítica e empática da sociedade e dos contrastes que marcam o país desde o 25 de Abril”, refere a DGLAB em nota de imprensa.
O júri foi composto por Fernando Pinto do Amaral, Pedro Mexia e Mário Cláudio, e as obras premiadas dos dois autores saíram pela Quetzal.
De ascendência transmontana, J. Rentes de Carvalho nasceu a 15 de maio de 1930, em Vila Nova de Gaia.
Forçado a abandonar o país por motivos políticos, viveu no Rio de Janeiro, em São Paulo, Nova Iorque e Paris, trabalhando para vários jornais.
Em 1956, passou a viver em Amesterdão, onde se licenciou, e, entre 1964 e 1988, foi professor de Literatura Portuguesa na universidade. Desde então, dedica-se exclusivamente à escrita e a uma vasta colaboração em jornais portugueses, brasileiros, belgas e holandeses, além de várias revistas literárias.
A sua extensa obra (de ficção, ensaio, crónica e diário) tem sido publicada em Portugal e nos Países Baixos, sendo recebida com grande reconhecimento, quer por parte da crítica, quer por parte dos leitores em geral.
Em 2011, recebeu o Grande Prémio de Literatura Biográfica APE com o livro “Tempo Contado” e, em 2013, o Grande Prémio de Crónica APE com “Mazagran”.
J. Rentes de Carvalho, 95 anos, divide o seu tempo entre Amesterdão, nos Países Baixos, e Estevais (Mogadouro), em Portugal, metade do ano em cada lugar.
Carlos Ascenso André, 72 anos, foi professor de línguas e literaturas clássicas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Trabalhou na China, Macau, Alemanha e França, e tem uma longa carreira dedicada ao estudo e à tradução de literatura latina e aos estudos camonianos, refere a editora Quetzal numa curta nota biográfica.
O Prémio D. Diniz, da Fundação Casa de Mateus, que conta com o apoio da DGLAB, é atribuído desde 1980 e reconhece “poesia, ensaio, ficção ou traduções de obras fundamentais do cânone literário”.
Entre os premiados estão nomes como Agustina Bessa-Luís, José Saramago, Eduardo Lourenço, Sophia de Mello Breyner, Luísa da Costa Gomes, José Tolentino Mendonça, Jorge Calado e Maria Teresa Horta, distinguida em 2011, mas que se recusou a receber o prémio, uma vez que seria entregue pelo então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
A cerimónia de entrega do prémio a José Rentes de Carvalho e a Carlos Ascenso André terá lugar na Fundação da Casa de Mateus, em Vila Real, em data a anunciar.