O Presidente da República entregou ontem, em Vila Real, o Prémio D. Diniz ao “magnífico colecionador de histórias” Onésimo Teotónio de Almeida, pelo seu livro “O século dos prodígios”.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a obra do escritor natural dos Açores, considerando que se trata de um “magnífico colecionador de histórias”.

“Por ser um português na América, Onésimo pode escrever sem nacionalismos nem masoquismos. Digamos que tem atuado como um lusitanista iluminado sem que essa iluminação signifique aqui sentido de medida, cautelas quanto a grandes eloquências, ceticismo em relação ao politicamente correto tão em voga na universidade americana”, sublinhou.

Onésimo Teotónio de Almeida nasceu em 1946, em São Miguel, Açores, doutorou-se em Filosofia pela Brown University e foi diretor de vários departamentos naquela universidade, onde leciona uma cadeira sobre valores e mundividências.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda a garantia de que vai voltar no próximo ano à Casa de Mateus e adiantou também que irá galardoar “os serviços da Fundação Casa de Mateus à cultura portuguesa”, a propósito dos 50 anos da instituição.

Já no final da cerimónia, abordado pelos jornalistas sobre a decisão do primeiro-ministro António Costa, de homologar o parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre incompatibilidades e impedimentos de políticos, no qual se recusam interpretações estritamente literais - e até inconstitucionais - das normas jurídicas, Marcelo disse não conhecer o parecer.

“Ele (o parecer) foi divulgado já comigo aqui, não conheço, não conheço a posição do senhor primeiro-ministro e, portanto, não vou poder comentar”, afirmou.

A obra “O século dos prodígios”, editada pela Quetzal, reúne um conjunto de ensaios sobre o papel que Portugal e os portugueses desempenharam nos séculos XV e XVI no processo que alguns designam por "primeira globalização", debruçando-se sobre o caráter pioneiro da ciência portuguesa naquela época.

Esta escolha baseou-se, de acordo com o júri do prémio, constituído por Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia, no “sólido trabalho de investigação acerca da inovação e da invenção dos cientistas portugueses durante os séculos XV e XVI que permitiram dar uma base indispensável para o sucesso das navegações que puseram a descoberto o caminho marítimo para oriente”.

“O século dos prodígios", de Onésimo Teotónio de Almeida, já recebeu, em novembro do ano passado, o Prémio História da Presença de Portugal no Mundo, da Academia Portuguesa de História, foi também distinguido com o Prémio Mariano Gago da Sociedade Portuguesa de Autores e, em setembro, com o Prémio John dos Passos 2019, instituído pela Região Autónoma da Madeira.

Na Quetzal, o autor tem já publicados "Despenteando Parágrafos" e "A Obsessão da Portugalidade".

O Prémio D. Diniz, instituído pela Fundação Casa de Mateus em 1980, distingue anualmente uma obra de poesia, ensaio ou ficção.

Em 2018, o Prémio foi atribuído a Helder Macedo, pelo seu livro “Camões e outros contemporâneos” e, entre a lista de premiados, incluem-se Agustina Bessa Luís (1980), José Saramago (1984), Eduardo Lourenço (1995), António Lobo Antunes (1999) e Maria Teresa Horta (2011).

À chegada à Casa de Mateus, Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou um grupo de turistas russos que ali estavam de visita. Este palácio é o monumento mais visitado em Vila Real e recebe anualmente milhares de turistas de várias proveniências.



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