Natural de Bisalhães, aldeia do concelho de Vila Real, Sesinando Ramalho dedica-se à olaria negra, arte que aprendeu com aos seus pais há cinquenta anos, quando tinha apenas quinze.

Anualmente participa na feira de São Pedro, mais conhecida pela feira dos pucarinhos, o ponto alto das festas da cidade de Vila Real, que desde os meados do século XVIII se expõem junto da Capela Nova, na rua Central.

Os pucarinhos são miniaturas que reproduzem as mais variadas peças utilitárias e que se destinam principalmente a prendas de namorados.

Sesinando Ramalho vende as suas peças todos os dias à entrada da cidade de Vila Real, onde, para não perder tempo, também vai moldando o seu barro em cerca de 30 formas diferentes, nomeadamente jarras, panelos, castiçal, canecas, bilhas, potes, candeias, vasilha, entre outros.

A olaria negra é intrínseca à aldeia de Bisalhães, embora já sejam poucas as pessoas que se dedicam àquela actividade.

Segundo explicou ao Semanário TRANSMONTANO, na confecção do barro utiliza-se uma roda de madeira, que roda ao toque do pé do oleiro. O barro é colocado no centro da roda, e os dedos do oleiro dão forma à terra argilosa.

A tonalidade negra deve-se ao forno e aos métodos de cozedura, nomeadamente num buraco aberto na terra, onde as peças são colocadas numa grelha na abertura, ficando por baixo a lenha a arder.

Para que não se perca fumo, o forno é abafado com caruma, musgo e terra, o que dá a tonalidade negra à olaria de Bisalhães.

Na feira de São Pedro, os oleiros passam dois dias sem ir a casa, pois têm de passar a noite no local onde expõem as suas peças a vigiá-las.

Como a tradição ainda é o que era, não pode haver feira sem o tradicional jogo do panelo (pequena panela de barro), que consiste em os participantes formarem uma roda e atirar o panelo uns aos outros, o que o deixar cair terá de pagar um novo panelo.

Os linhos juntam-se

à Feira de São Pedro

Também os linhos da região, principalmente da aldeia de Agarez, concelho de Vila Real, se juntam ao barro no dia da grande feira anual.

Maria Adelaide Monteiro, com 58 anos, aprendeu a arte do linho e a ela se dedicou durante toda a vida, desde os cinco anos.

São muitos os turistas nacionais e estrangeiros que se deslocam a Agarez para comprar as peças de linho, confeccionadas de maneira artesanal, o que lhe confere uma maior qualidade e procura.

Todo o processo de produção tem início em Julho, quando o linho ganha uma flor lilás e se procede à sua apanha, depois de ripar, passar em água do rio, secado e enfeixado, batido, o linho é espadelado para separar a estopa, passa na roca e no fuso e cora-se.

Depois de colocado em canelas, o linho fica pronto para ir para o tear, completamente artesanal, onde passa milhares de vezes entre 1200 fios, que vão sendo alternados, subindo ou descendo com a ajuda dos pedais.

Também Adelaide Monteiro desce todos os anos à cidade para participar na feira de São Pedro, onde expõe a sua arte, e leva muitas encomendas que lhe dão trabalho para o ano inteiro.

São muitas as peças que confecciona, desde as colchas às toalhas de mesa e de cabeceira, cujos preços podem variar entre os dez contos e os 80 contos.

A publicidade das peças de Adelaide Monteiro é feita pelos próprios clientes, que, cada vez mais, vão divulgando a sua arte na região, país e estrangeiro.



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