O projeto que usa coleiras GPS no pastoreio das vacas maronesas e tem como obstáculo a falha de rede móvel, na serra do Alvão, pode beneficiar das obrigações de cobertura definidas no leilão 5G, segundo a Anacom.

Os promotores do projeto Life Maronesa alertaram, no início do mês, para as falhas de rede móvel na serra do Alvão que estão a dificultar o recurso a dispositivos GPS nas coleiras colocadas no pescoço das vacas maronesas, uma tecnologia que tem como objetivo auxiliar o pastoreio do gado.

Este obstáculo está a obrigar à colocação de aparelhos retransmissores, nomeadamente na zona da aldeia de Lamas de Olo, em pleno Parque Natural do Alvão, a cerca de 15 quilómetros da cidade de Vila Real.

Após o alerta, o diretor da delegação do Porto da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) foi ao terreno conhecer o projeto e falou de uma expectável evolução do setor nos próximos anos.

“As soluções que estes produtores podem ter são muito indexadas também a soluções que a população pode ter (…) Ao beneficiarmos o espaço onde as pessoas vivem e as aldeias, estamos a beneficiar também todo o negócio que existe à volta”, afirmou hoje à agência Lusa Luís Roque Pedro.

O responsável especificou que, na sequência da implementação da rede de 5G e das obrigações de cobertura estabelecidas no leilão, 75% da população das freguesias de baixa densidade deverá ser servida com Internet a 100 megabits no final de 2023, percentagem que sobe para 90% em 2025.

“Penso que estas obrigações vão ajudar este projeto, mas não só este projeto como também outros que se podem fixar ligados a este”, frisou João Roque Pedro.

Referiu ainda que “um sinal de rádio não é um sinal que tenha paredes, ele vai-se espalhar ao longo do território”, pelo que vai beneficiar todo este espaço envolvente.

“O que posso dizer é que a situação vai ficar melhor, já está a ficar melhor, já se nota”, sublinhou.

Para ajudar os criadores no pastoreio do gado, o projeto Life Maronesa distribuiu 35 equipamentos GPS. O objetivo é facilitar a localização dos animais que andam em regime de pastoreio extensivo e percorrem a serra livremente.

Avelino Rego, que integra o projeto, e é engenheiro informático e também produtor de vaca maronesa, disse que, no entanto, foram detetadas “imensas zonas sombra” pelo que o GPS não consegue sinal suficiente para comunicar a sua localização, levando a que o dispositivo esteja várias horas ‘offline’, não permitindo que os criadores acompanhem o movimento do efetivo.

“Estes dispositivos comunicam a sua localização através da infraestrutura de telecomunicações GSM que, aqui na serra do Alvão, não funciona. Em alternativa, estamos a trocar os aparelhos de GSM para sigFox e estamos a adquirir à nossa conta os retransmissores para colocar aqui na serra”, salientou, acrescentando que, no total, estão a ser colocados cinco retransmissores.

Avelino Rego disse que o problema da falta de rede “é recorrente”, mas “não há soluções definitivas para este território” e defendeu a criação de “uma espécie de ‘roaming’ rural nacional” para, “de uma vez por todas, haver uma boa infraestrutura de telecomunicações” nas aldeias.

Luís Roque Pedro afirmou, precisamente, que o ‘roaming’ nacional é um dos “objetivos da Anacom” e explicou que o conceito “já existe hoje em dia”.

“Eu ligo o 112 qualquer que seja a operadora”, exemplificou.

O responsável frisou que o “primeiro objetivo” é mesmo melhorar a rede móvel independentemente do operador e referiu que o ‘roaming’ nacional seria uma das soluções, podendo-se replicar o conceito de quando um espanhol visita o território nacional e é livre de escolher o operador.

“O nosso papel como regulador é olhar pelos mercados, olhar pelos consumidores, mas olhar também por quem está a apoiar os consumidores, como é o caso destes projetos”, afirmou.

Foto: Life maronesa



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