Desde 19 de Março, dia da inauguração, até ao fim de Setembro, o Teatro de Vila Real (TVR) recebeu 147.905 pessoas, a uma média de 20 mil visitantes e sete mil espectadores mensais. Abril e Junho foram os meses com maior afluência de público - 27.881 e 26.074 pessoas, respectivamente - mas a fasquia mantém-se alta.

\"Tínhamos algum receio do fim do efeito novidade, mas já passaram sete meses e estamos a aguentar-nos muito bem\", esclarece Vítor Nogueira, director-artístico do TVR e director-executivo da Culturval, a Empresa Municipal responsável pelo equipamento. \"Manter a fasquia da qualidade, apresentar propostas muito diversas, trabalhando não para uma maioria, mas para várias minorias\" e sendo \"popular mas nunca populista\", pode muito bem constituir a chave do sucesso.

\"Tentamos não esquecer qualquer fatia do público, e o nosso público nunca nos deixou ficar mal, de tal modo que as receitas de bilheteira têm ajudado ao equilíbrio financeiro\", observa Vítor Nogueira. Neste primeiro ano a Culturval tem um orçamento de \"700 mil euros\", provenientes da autarquia, de mecenas, de receitas e de candidaturas a financiamento. \"O ideal seria um orçamento acima disso, mas, mesmo assim, não temos grandes razões de queixa\", afirma o responsável, que lembra que \"mais tarde ou mais cedo, o Estado terá de ser chamado à pedra\", mesmo porque o equipamento está integrado na rede nacional de teatros.

Ritmo frenético de espectáculos

Para Vítor Nogueira, é também a própria estrutura do TVR que ajuda a trazer tanta gente ao teatro numa altura em que é quase moda falar da crise de públicos para a cultura. \"O equipamento é muito funcional. O café concerto é uma âncora fundamental... temos a sala de exposições, um auditório ao ar livre excepcional e, depois, temos um pequeno e um grande auditório\", refere, alertando que \"se estivéssemos a programar só para uma sala não conseguíamos fidelizar os públicos\". Admitindo que o equipamento beneficia dos estudantes da Licenciatura em Teatro e Artes Performativas da universidade, Vítor Nogueira lembra que o TVR \"não pode trabalhar só para os estudantes\".

A estas mais-valias, Vítor Nogueira soma a qualidade e o trabalho árduo da equipa e a \"liberdade criativa\" permitida e o \"ritmo frenético\" na apresentação de espectáculos. \"Estamos com mais de um espectáculo por dia. Já fizemos mais de 250 espectáculos desde a abertura\", sublinha o responsável.

O centro comercial mesmo ali ao lado

A partir de hoje, o Centro Comercial Dolce Vita Douro é o vizinho mais próximo do TVR, e Vítor Nogueira acredita que o shopping \"só pode beneficiar\" o equipamento cultural. \"Estamos integrados na rede nacional, por isso temos de trabalhar para os públicos de todo o concelho e, desta forma, os públicos da região têm mais uma razão para vir a esta zona. Por exemplo, pode vir uma família e um gostar de música e vir aqui, e os outros, podem-se entreter mesmo aqui ao lado\", esclarece.

De resto, Vítor Nogueira considera que o TVR vai estar \"sempre melhor do que muitos dos grandes teatros que procuram o centro, onde estacionar é fácil, mas paga-se\". Por isso, \"apesar de tudo, temos essa grande vantagem\". Porém, é preciso que a anarquia automóvel dos últimos dias acabe. \"Temos a esperança de que isto normalize. Se as acessibilidades não forem beliscadas, o centro comercial não vai prejudicar. Se este caos continuar teremos de resolver doutra forma. Uma coisa é certa: como está neste momento é insuportável\".

Programa recheado de eventos até Novembro

Até fim de Outubro - continua a primeira edição do Festival Internacional Douro Jazz, com sessões diárias, divididas entre os auditórios do Teatro, o café concerto e o Solar do Vinho do Porto, na Régua. Hoje, às 22h00, no pequeno auditório, há música da dinamarquesa Mai Seidellin e do Paulo Barros Trio.

20 de Outubro, 22h00 - estreia \"Dinis e Isabel - Conto de Primavera\", uma co-produção entre o Teatro de Vila Real e a Filandorra, com encenação de David Carvalho.

27 de Outubro, 22h00 - sobe ao palco do grande auditório \"Os viajantes da fantasia: Gulliver e Alice no país das maravilhas\", pelo Teatro Negro de Praga.
6 de Novembro, 22h00 - concerto de Rodrigo Leão, integrado na digressão nacional de promoção do álbum Cinema.

12 de Novembro, 22h00 - \"O quebra-nozes\", pela companhia do Ballet Clássico do Teatro Hermitage de São Petersburgo.

13 de Novembro, 16h00 - \"Tiu Jouquim e a Aldeia dos Patudos\", uma peça infantil com marionetas, da Jangada Teatro.

18 de Novembro, 22h00 - estreia \"Silêncio\", uma co-produção entre o Teatro de Vila Real e a Urze Teatro, que parte de três contos de Anton Tchékhov.



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