A Câmara de Vila Real procedeu hoje à transferência do único ninho de cegonha da cidade para uma estrutura metálica para substituir a palmeira que apresentava “graves problemas de segurança” e foi derrubada.

Identificado há três anos no alto de uma palmeira, junto ao jardim da Carreira, o ninho e a vida do casal de cegonhas são acompanhados por muitos cidadãos de Vila Real e são muitas também as fotografias e os vídeos partilhados nas redes sociais.

A operação que decorreu hoje envolveu vários elementos da proteção civil municipal, dos serviços de Ambiente e outros funcionários do município, investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e foi seguida por vários curiosos. Teve como objetivos a segurança, a preservação e a sensibilização ambiental.

O vereador do pelouro do Ambiente, Carlos Silva, explicou que o ninho foi transferido para um poste metálico porque a “palmeira estava mesmo em risco de queda” e a “colocar em causa a segurança das pessoas”.

A árvore, explicou, “foi afetada por um parasita que afetou palmeiras em todo o país” e foi hoje abatida.

Carlos Silva disse que este é o único ninho de cegonha identificado em Vila Real e, por isso, frisou que o município "tudo está a fazer para que “o ninho se mantenha”, mas “se mantenha, agora, num local com mais segurança e estabilidade”.

A operação, segundo o autarca, “não foi fácil”, contou com o apoio da UTAD e decorreu depois de obtidas as licenças necessárias junto do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

João Cabral, do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) da UTAD, explicou que se pretendeu “recriar condições” para que o casal de cegonhas consiga reconhecer o outro local como “uma alternativa”.

Para o efeito, foi colocado no alto da estrutura metálica o material retirado do ninho original.

A cegonha branca chegou a ser considerada uma espécie ameaçada na década de 80 do século passado e era também uma espécie migradora.

A população desta ave teve uma “recuperação brutal”, gradualmente passaram a estar mais tempo nos territórios e atualmente passam cá o ano todo e, segundo João Cabral, são “muito toleradas pelas pessoas” que gostam de “as ter no seu espaço urbano”.

O investigador disse que já será considerada “uma vitória” se as cegonhas usarem a estrutura metálica como pouso esta noite e mostrou-se “otimista”.

No entanto, referiu, estes animais estão preparados para rapidamente reporem os seus ninhos, pelo que poderá acontecer em outras árvores ou locais da cidade.

Foto: Armando Martins



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