O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) arrancou hoje com o serviço de hospitalização domiciliária, que conta com duas equipas, em Chaves e Vila Real, e capacidade para apoiar 10 doentes em casa.

O CHTMAD, com sede social em Vila Real, é a 36.º unidade hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a criar o serviço de hospitalização domiciliária, o qual desde que foi lançado, em 2018, já apoiou cerca de 20 mil doentes.

“O objetivo é colocarmos doentes que necessitam de estar hospitalizados, que necessitam de cuidados de enfermagem e cuidados médicos, no seu domicílio, afirmou hoje à agência Lusa Fernando Salvador, diretor do serviço de Medicina Interna.

Melhorando assim, acrescentou, “a humanização de cuidados, o bem-estar do doente e reduzindo também algumas variáveis clínicas como taxas de reinternamento, mortalidade e taxas de infeções nosocomiais”.

As equipas ficam alocadas aos hospitais de Chaves e de Vila Real e são constituídas por médicos, enfermeiros e assistentes sociais.

Fernando Salvador referiu que o serviço arranca com 10 doentes, cinco para cada equipa, mas o objetivo é “um aumento contínuo do número de doentes, do número de equipas e do número de profissionais”.

As duas equipas trabalharão no distrito de Vila Real, pretendendo-se estender a unidade de hospitalização domiciliária a toda a área de abrangência do CHTMAD, que inclui municípios do Douro Sul, já no distrito de Viseu.

“Este é só o dia um deste projeto”, afirmou.

A médica internista no hospital de Vila Real, Helena Gonçalves, explicou que o doente em hospitalização domiciliária recebe diariamente a visita do médico, logo de manhã como acontece nos hospitais, podendo ser repetidas ao longo do dia, se for necessário. Também as visitas de enfermagem podem acontecer uma ou duas vezes por dia, dependendo das necessidades.

Helena Gonçalves apontou como vantagens para o doente ficar no “conforto do seu lar” a redução do risco de infeções hospitalares e o aumento de vagas no hospital para doentes que tenham mais instabilidade e que necessitem de estar 24 horas sobre vigilância num hospital”.

“Em termos psicológicos, é obviamente muito melhor para o doente que pode estar com os seus familiares, no seu ambiente. (…) Neste momento temos as vistas muito condicionadas ainda por causa do contexto da covid-19 e isto permite que o doente possa ver mais frequentemente os seus familiares”, acrescentou a médica.

Os doentes são referenciados pelos clínicos dos hospitais.

“Internar o doente em casa nas mesmas circunstâncias em que seria internado no hospital é um critério base. (…) O que nós fazemos é transformar a cama do doente como se fosse uma enfermaria hospitalar”, afirmou o responsável nacional pelo programa de hospitalização domiciliária do SNS, Delfim Rodrigues.

O programa arrancou em 2018 com três hospitais e, em 2022, são já 36. Segundo o responsável, durante este período foram tratados em casa cerca de 20.000 doentes. Em 2021, foram cerca de 10.000.

Os hospitais de Braga e a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo são os dois que ainda não criaram este serviço.

“O programa de hospitalização domiciliária foi a única linha assistencial que cresceu em tempos de pandemia (…) O nosso programa em plena pandemia cresceu 875%”, referiu Delfim Rodrigues.

Mensalmente são avaliados 21 critérios de qualidade e segurança e, segundo o responsável, os níveis de satisfação dos doentes variam entre os “95% e os 100%”, a taxa de mortalidade desceu, ou seja, nas mesmas circunstâncias os doentes morrem quatro vezes menos em casa do que morreriam no hospital, e as taxas de reinternamento e de infeções hospitalares desceram também.

“O que queremos é o foco no doente e este conforto que o doente sente de estar no seu ambiente realmente é uma mais-valia muito importante”, frisou a vice-presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte), Maria Claro Castro.

Segundo a responsável, no Norte, o hospital de Braga deverá estar em condições de avançar com a hospitalização domiciliária ainda este ano.



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