Maria da Glória Botelho não encontra palavras que a ajudem a suportar a dor que se abateu sobre si por causa dos seus dois irmãos, de 44 e 62 anos, que viviam juntos a escassos metros de sua casa, \"de onde os vigiava sempre para ver se estava tudo bem\", contou, ao JN, entre gritos de desespero.

Ontem, de manhã, a pacata aldeia de Tanha, na freguesia de Nogueira, Vila Real, acordou para um pesadelo nunca ali vivido. Glória veio à janela e viu a casa dos irmãos a arder. Quase simultaneamente, o vizinho Augusto Matias apercebia-se do fogo. \"Ainda entrei dentro de casa, vi o cadáver do António, que estava a arder completamente. Entrei em pânico, nunca esperei ver nada assim na vida\", contou.

António Botelho, de 62 anos, de idade terá sido morto com alguma brutalidade pelo seu irmão mais novo, Maximiano Botelho, de 44 anos, durante a noite ou madrugada. Depois disso, foi colocado em cima de várias cadeiras e outros móveis entretanto escacados pelo alegado agressor, que deitou fogo a tudo saindo para a rua, como se nada fosse, para esperar pela carrinha que os deveria levar a ambos ao Centro de Dia de Vilarinho de Freires. A irmã Maria da Glória diz que Maximiano ainda foi a sua casa pedir cigarros. \"De há uns tempos para cá, sempre que estava em casa, fechava-se no quarto a fumar. Lá se meteu alguma cisma na cabeça, não sei que lhe terá dado\", disse.

O cenário no interior da habitação era digno de um filme de terror. Poças e manchas de sangue no chão e nas paredes que o marido e a filha de Maria da Glória limpavam com o horror estampado nos rostos. Maria da Glória mantinha-se amparada pelas vizinhas e amigas que a obrigaram a tomar calmantes.

Cá fora, as opiniões dividiam-se. Aníbal Santos comentava \"Tinham alguns problemas de relacionamento como toda a gente, nada que se admitisse uma coisa destas, embora tivessem os dois problemas do foro psicológigo\". Amável Ferro acrescenta: \"também havia sangue no fundo das escadas. O Maximiano esteve cá fora muito calmo. Eu nunca imaginaria isto\". Já outro Amável Ferro (pai do anterior), tinha ideia diferente: \"já era de esperar mais tarde ou mais cedo que acontecesse uma desgraça. Eles tinham problemas de saúde graves, coitados\".

Maximiano começou por negar ser autor do crime, mas entrou em diversas contradições. à hora do fecho desta edição continuava a ser ouvido nas instalações da Polícia Judiciária.



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