As associações empresariais de Trás-os-Montes defenderam hoje que as empresas da região devem cooperar mais entre si para aumentar as exportações e apostar na certificação, à semelhança do que foi feito com os produtos endógenos.

“Os produtos [endógenos] já estão mais ou menos credibilizados. Temos produtos reconhecidos internacionalmente. Falta-nos reconhecer as empresas e fazer um agrupamento de empresas. Temos que fazer com que as empresas se juntem para a exportação”, destacou o presidente da Associação Empresarial do Distrito de Bragança (NERBA), Hélder Teixeira.

O responsável falava durante a conferência ‘Portugal que faz’, iniciativa do Novo Banco e do Global Media Group, dedicada à região de Trás-os-Montes, Alto Tâmega e Douro que decorreu hoje no Régia-Douro Park, em Vila Real, com moderação do jornalista Paulo Ferreira.

Hélder Teixeira deu como exemplo produtos endógenos daquelas regiões, como o azeite, castanha, cabrito, queijo ou fumeiro, que já fizeram o caminho da certificação, defendendo que é preciso fazer o mesmo com as empresas para “credibilizar o produto”.

O presidente da NERBA alertou ainda para a necessidade de apoio na logística para levar os produtos para o litoral ou outras zonas sem “custos proibitivos”.

“Para mandar uma caixa de azeite para Lisboa temos de pagar entre 12 a 15 euros. É muito dinheiro, acrescido a um produto regional. Precisamos de uma logística que funcione melhor e mais barata”, frisou.

O presidente da Associação Empresarial de Vila Real (NERVIR), José Magalhães Correia, lembrou que é difícil os portugueses juntarem-se nos negócios, mas garantiu que “tem sido feito um esforço para passar essa mensagem aos empresários”.

E explicou que foi criada ainda antes da pandemia uma confederação entre as associações comerciais de Vila Real, Bragança e do Alto Tâmega para definir “linhas estratégicas”.

“Não é possível atingir um futuro mais promissor se andarmos ao sabor de cada um. Definimos duas ou três linhas, apesar de alguns pontos nos distinguirem, para dar o exemplo aos empresários”, realçou.

O presidente da Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT), Vítor Pimentel, acrescentou que as reuniões desta confederação deverão ser retomadas no mês de abril, permitindo “juntar forças e unir esforços” para poder “ganhar escala” e representar uma região mais abrangente em alguns pontos estratégicos.

Vítor Pimentel alertou para a necessidade de “investimento público na educação, saúde e justiça” e que, “antes de se pensar em atrair gente, é necessário reter as que estão no território”.

O responsável do NERBA, Hélder Teixeira, referiu ainda ser necessário “ganhar volume para poder concorrer com o litoral”.

“Temos um problema muito grande, de densidade baixa em comparação com o Porto, por exemplo, que faz parte da nossa região e leva os benefícios todos. Eles têm mais poderio económico, mais rede, nós não temos e eles levam todas as possibilidades de concorrermos com eles”, explicou.

O presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros, Paulo Moreira, mostrou disponibilidade para pertencer a confederações ou grupos de trabalho que representem empresários.

E defendeu ainda que as associações empresariais devem ter um maior apoio da banca, municípios, comunidades intermunicipais ou outras instituições por representarem “verdadeiramente quem cria riqueza”.

“É importante as associações estarem unidas e terem estratégias de promoção. É preferível trabalhar neste sentido e não no contrário, onde cada um se foca no seu umbigo”, vincou.

 

Empresários transmontanos querem menos burocracia e mais clareza nos apoios

 

Associações empresariais de Trás-os-Montes defenderam hoje melhores alternativas de financiamento a médio e longo prazo por parte da banca, menor burocracia e maior clareza dos apoios do Estado para os empresários superarem a crise pós-pandemia.

“As empresas portuguesas não são capitalizadas como devem ser. Nascem de uma ideia de um empresário, mas desenvolvem-se com um défice de capital. Falta apoio de médio e longo prazo para o financiamento às empresas e a banca deve criar alternativas ao curto prazo”, defendeu o presidente do NERVIR - Associação Empresarial de Vila Real, José Magalhães Correia.

O responsável da NERVIR falava durante a conferência ‘Portugal que faz’, iniciativa do Novo Banco e da Global Media Group, dedicada à região de Trás-os-Montes, Alto Tâmega e Douro que decorreu hoje no Régia-Douro Park, em Vila Real, com moderação do jornalista Paulo Ferreira.

José Magalhães Correia alertou ainda que a banca deve “encontrar soluções de financiamento que facilitem a vida das empresas”, caso contrário “pode criar-se uma situação muito perigosa para empresas que já estão descapitalizadas”.

O presidente da Associação Empresarial do Distrito de Bragança (NERBA), Hélder Teixeira, que também participou no debate, apontou a necessidade de uma “maior clareza nos apoios”.

“São pouco claros e aquilo que é dito na televisão as pessoas não têm acesso. [No interior] temos pequenas empresas de uma ou duas pessoas e com dificuldade em aceder a estes programas”, sublinhou.

Hélder Teixeira defendeu ainda que, após a pandemia, é necessário criar “linhas de apoio que permitam aos empresários recorrer a esses apoios para alavancar os seus projetos”.

E acrescentou que os empresários do interior estão habituados a viver constantemente em crise, seja “financeira, ambiental ou de acessos”.

O presidente da Associação Empresarial do Alto Tâmega (ACISAT), Vítor Pimentel, realçou que os processos de apoio aos empresários são burocratizados e que “nem sempre as ajudas chegam em tempo útil para salvar empresas”.

“A nossa região [Alto Tâmega] é marcada por empresários com extrema resiliência, caso contrário não estavam lá e já tinham desistido”, apontou, lembrando as dificuldades que o pequeno comércio, restauração e hotelaria estão a sentir devido à quebra do turismo, um setor que estava em crescimento antes da pandemia de covid-19.

Já o presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros, Paulo Moreira, frisou que estas regiões têm “um número de pessoas limitado para o potencial”.

“Estamos a falar de regiões desertificadas por natureza. Temos condições de excelência, características próximas entre as três [regiões], quer cultural, alimentar ou de turismo de qualidade, mas com um número de pessoas limitado para o nosso potencial”, atirou.

Paulo Moreira assinalou ainda uma “barreira entre o litoral e o interior” do país para as estratégias de desenvolvimento a nível empresarial e apontou a importância da ligação a Espanha.

O CEO do Novo Banco, António Ramalho, referiu que o pós-pandemia pode criar “uma nova oportunidade” com Espanha para estas regiões devido a “um enquadramento diferente”.

“Sentimos neste momento que a redução das cadeias de valor nos trará uma maior proximidade a um mercado ibérico, pela proximidade territorial que estava quase condenada a um segundo plano e pode ser uma luz ao fundo do túnel”, adiantou.

António Ramalho apontou ainda o potencial de crescimento no mercado externo ao nível do turismo, destacando que este estava em crescimento antes da pandemia, mas dependia ainda muito dos turistas nacionais.



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