A companhia de teatro Filandorra, de Vila Real, acusou hoje o Ministério da Cultura de um “crime cultural” e de “tratar a zeros” a região transmontana, na atribuição dos apoios da Direção-Geral das Artes para 2020/2021.

“Neste contexto, a direcção da Filandorra, ainda em estado de choque, alerta o país para o crime cultural praticado pela política do atual Ministério da Cultura/DGArtes através de concursos anacrónicos, injustos e passíveis de serem impugnados em tribunal”, afirmou a companhia, em comunicado.

Referiu ainda que, “lamentável e paradoxalmente”, o projeto da Filandorra – Teatro do Nordeste “se encontra excluído de apoio financeiro pelo Ministério da Cultura”.

A Filandorra disse já ter solicitado “à tutela uma reunião de trabalho urgente” e salientou que, a “não encontrar-se uma solução positiva”, a decisão da DGArtes poderá “levar à extinção deste projeto”.

O grupo sediado em Vila Real afirmou ser “o projeto mais antigo da região, que conta com 33 anos de atividade ininterrupta e congrega a maior rede protocolada municipal do país”.

A Filandorra avança mesmo com datas previsíveis para “a extinção” da companhia, nomeadamente a “27 de março de 2020, Dia Mundial do Teatro” ou a “10 de Junho de 2020, Dia de Portugal”.

Referiu ainda que, a acontecer, esta extinção “levará ao maior despedimento coletivo na área do teatro em Portugal”.

A DGArtes anunciou que um total de 102 entidades artísticas do país vão receber apoio no quadro dos Concursos Sustentados Bienais 2020/2021, de acordo com os resultados provisórios do programa.

Quanto à distribuição regional das verbas, atendendo ao divulgado pela DGArtes, os apoios aumentaram em todas as regiões, exceto no Alentejo, que ficou com 1,7 milhões de euros, ou seja, menos 8% do que no anterior concurso.

O diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, disse à agência Lusa que as entidades que não foram contempladas nos Concursos Sustentados Bienais 2020/2021, "podem e devem" contestar estes resultados provisórios se deles discordarem.

“Estamos solidários com os colegas do Alentejo, da região de Setúbal, das companhias históricas do Porto e Lisboa, que, tal como nós, foram tratadas a zero”, salientou ainda a Filandorra.

Hoje mesmo, a companhia anunciou a estreia, a 18 de outubro, no Teatro de Vila Real, da peça “Não se brinca com o amor”, de Alfred Musset.

“Apetece-nos dizer ao Estado central que ‘não se brinca com o teatro’”, concluiu a companhia transmontana.



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