Um estudo sobre a construção em oito cidades transmon-tanas realizado pelo Observatório da Construção da UTAD revela que em Vila Real as casas são "caras e de má qualidade". Sensibilizar os construtores para a quali-dade é uma necessidade, dizem os responsáveis do Observatório.

Apesar de já existir há mais de três anos, é agora que o Observatório da Construção da UTAD está a começar a colher os seus frutos. A ideia de criar um organismo que avaliasse a construção na região transmontana surgiu, como explicou a coordenadora do projecto, Anabela Paiva, uma vez que, "dispondo a UTAD de alguns recursos e competências nestes domínios, entendeu-se que a melhor forma de os colocar ao serviço dos diferentes agentes sectoriais e institucionais da região, seria a de criar uma estrutura flexível e operacional, assente numa sólida parceria entre instituições, que contribua, não só para colmatar as insuficiências de informação relativa às dinâmicas construtivas e aos mercados de imobiliários locais e regionais, mas que permita também conceber e implementar um indispensável sistema de avaliação e certificação da qualidade de edifícios de habitação".

Dentro de dois anos, o Observatório espera passar certificados de qualidade a todos os construtores que o queiram requerer e, usar este instrumento, "como uma mais valia para o edifício em venda". Este certificado servirá também como garantia da qualidade do edifício para o comprador que nele pretenda investir.

As cidades alvo do estudo recentemente efectuado pelo Observatório foram Vila Real, Bragança, Chaves, Mirandela, Lamego, Macedo de Cavaleiros, Peso da Régua e Valpaços. Os problemas acústicos e térmicos, foram os mais registados na maior parte destes concelho. Se o problema térmico surge ao nível da execução, no que toca à acústica, deve-se ao não cumprimento, até hoje, da Lei estabelecida pelo Governo, que estabelece valores máximos de ruído.

Em Vila Real, aliada à má qualidade da construção, está o facto das habitações atingirem preços altos. A má qualidade da construção, na opinião de Anabela Paiva, poderá estar associada, para além da falta de mão-de-obra qualificada, à grande procura que se tem sentido até então, procura essa que, segundo ela, tem vindo a descer consideravelmente. Se em 2000, foram construídas 700 novas habitações, em 2002, este número decaiu para 200, tendo sofrido um novo aumento, no ano passado, altura em que se registaram 400 novas construções. "A muita procura torna o construtor menos preocupado com a qualidade das suas obras, visto estas venderem-se bem", explicou a coordenadora do projecto. Agora, na opinião de Anabela Paiva, "seria importante aproveitar esta recessão na construção, para educar os compradores de casas a serem mais exigentes ao fazerem o seu investimento e os próprios construtores, mostrando-lhes que, a qualidade é algo em que se deve apostar".



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