Apesar dos correios estarem encerrados ao sábado, nesse dia, pela manhã, os moradores do bairro social de Parada de Cunhos receberam uma carta registada enviada pela Câmara Municipal de Vila Real. Depois de verificarem que era um aviso de actualização das suas rendas de casa, muitos habitantes \"não queriam acreditar\" nos valores que ali estavam indicados pela autarquia. As queixam-se sucederam-se. Os moradores reclamam que os aumentos \"são muito grandes\" e dizem que não podem suportar rendas \"tão elevadas\".

Maria do Carmo Alves, que pagava 50 euros, terá de passar a pagar 160 euros. Na sua casa vivem cinco pessoas, todas desempregadas. 50 euros era também a quantia que cabia a Maria Celeste Morais pagar pela sua casa, mas foi avisada que iria começar a pagar 230 euros, o que considera \"um absurdo\", porque, segundo ela, o marido recebe apenas 378 euros, tendo que sustentar a esposa e uma filha, estudante, de 11 anos. Zulmira Gonçalves, outra das moradoras deste bairro social, salientou o facto destas habitações, apesar de terem apenas dois anos, estarem em \"muito mau estado\", chovendo lá dentro. E a sua filha, de apenas quatro meses, chegou a ser internada, segundo ela, devido a problemas causados pela humidade da casa onde moram.

\"Preocupados\" com os aumentos anunciados, vários moradores do bairro social dirigiram-se aos Paços do Concelho, para pedirem explicações ao presidente da Câmara, Manuel Martins. O autarca esteve então reunido com alguns moradores e com o presidente da Junta daquela freguesia, ficando decidido que as pessoas que considerarem as suas rendas injustas deverão escrever uma carta de reclamação dirigida à Câmara, explicando a sua situação, acompanhada dos documentos comprovativos dos rendimentos do agregado familiar.

Quanto aos referidos aumentos, Manuel Martins afirmou que \"esta medida está na Lei e é para ser cumprida\". O autarca explicou também que os serviços da Câmara avaliaram as famílias daquele bairro \"caso a caso\" e que, dois anos depois da colocação das famílias naquele bairro, as rendas foram actualizadas. Contudo, admite que poderiam ter surgido \"alguns erros\" nas análises dos casos. Mas o presidente da Câmara lembrou ainda que existe uma \"renda técnica\" fixa, que ronda os 260 euros para os T1, os 320 euros para os T2 e os 370 euros para os T3. A diferença entre a renda que o morador paga e o restante é pago pela autarquia.

No que toca ao mau estado das habitações, Manuel Martins remeteu a responsabilidade para o empreiteiro da respectiva obra, a quem cabe responder pelos edifícios durante cinco anos. No entanto, o autarca garantiu que a Câmara Municipal vai \"chamar a atenção do empreiteiro\" para esta situação.

Manuel Martins disse também que \"outros bairros sociais do concelho viram subir as rendas das suas habitações, mas apenas os habitantes do bairro social de Parada de Cunhos se manifestaram contra esta actualização\".



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