A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) alertou hoje para o risco de encerramento de uma unidade de diálise privada, em Vila Real, onde são tratados atualmente 40 utentes e trabalham cerca de 30 funcionários.

“Estamos a acompanhar este caso com grande consternação. Por mais de duas décadas, a TECSAM deu resposta aos doentes insuficientes renais crónicos de Vila Real, proporcionando-lhes cuidados de saúde indispensáveis para sobreviverem, uma vez que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não dispunha de meios para o fazer”, afirmou Rui Filipe, nefrologista e vice-presidente da ANADIAL, citado em comunicado.

Por sua vez, o administrador da TECSAM, Pedro Azevedo, salientou que, nesta unidade, são tratados cerca de 40 doentes e trabalham cerca de 30 funcionários, estando em risco devido à falta de utentes encaminhados pelo SNS.

Contactado pela Lusa, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) disse que, neste momento, "detém capacidade instalada para tratar todos os doentes que coloca em hemodiálise”.

O CHTMAD abriu em janeiro de 2021, na unidade hospitalar de Vila Real, o primeiro Centro de Responsabilidade Integrada (CRI) de Diálise do país.

“Este problema já se arrasta há algum tempo. Desde que houve, de facto, a abertura do CRI dentro do hospital deixaram de enviar qualquer doente crónico para a nossa unidade”, afirmou Pedro Azevedo.

O responsável fala “num sufoco enorme” e “numa situação limite” para a clínica e defendeu que deveria haver uma “possibilidade de escolha do próprio doente”.

“Toda a política de monopólio na diálise, seja pública ou privada, nunca é a melhor solução na saúde do doente renal. Devemos ser todos complementares e existe espaço para todos podermos trabalhar em harmonia. É importante que o CHTMAD compreenda esta grave situação que a TECSAM de Vila Real está a passar e que adote uma estratégia de partilha saudável na alocação do doente renal crónico em programa de diálise para o CRI e para a TECSAM de Vila Real”, afirmou Pedro Azevedo.

A ANADIAL disse que, em Portugal, os centros de diálise privados são responsáveis por cerca de “93% dos tratamentos de hemodiálise realizados às pessoas com doença renal crónica submetidas a esta terapêutica de substituição”.

De acordo com a associação, nos últimos anos, “o setor da diálise debate-se com a inexistência de diálogo por parte do Ministério da Saúde, desconhecendo-se totalmente qual seja a estratégia do Governo nesta área da saúde”.

“Consideramos preocupante o Ministério da Saúde não estar disponível para dialogar com as empresas que asseguram o tratamento da maioria dos insuficientes renais crónicos no nosso país. A situação que a TECSAM de Vila Real está a viver é um exemplo vivo das dificuldades que o setor tem vindo a sofrer, para as quais temos tentado alertar o ministério e que carecem de medidas de revisão prementes”, salientou, também citada no comunicado, Sofia Correia de Barros, presidente da ANADIAL.

Atualmente, o setor privado de diálise emprega cerca de 5.500 trabalhadores e é responsável pelo tratamento de 11.974 doentes, em 101 unidades de diálise espalhadas pelo país.

A agência Lusa contactou o Ministério da Saúde, mas até ao momento não obteve uma resposta.



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