Luis Ferreira

Luis Ferreira

Derrapagens

VENDAVAIS

Derrapagens

Este governo anda completamente louco. Razões há um punhado delas. Quando pensamos que as maiorias absolutas dão segurança e estabilidade, quer ao país quer ao governo, verificamos que afinal isso é pura retórica.

A ânsia de mostrar serviço, leva o governo a questionar-se sobre a atuação de alguns ministros e secretários de estado que a opinião pública vai atingindo com setas demolidoras. Atrás dessa necessidade arrastam-se problemas que, sem serem solucionados em tempo útil, levam a que os seus mentores mostrem os rabos-de-palha que vêm agarrados. E aí estão à mostra de todos, os favores, a corrupção desregrada, os abusos de poder e muito mais.

São assim, razões suficientes para enervar o governo e questionar-se sobre quem será substituível e quem poderá subir de nível ocupando os lugares vagos. Interessa saber as disponibilidades e conhecer os interessados e especialmente que sejam socialistas, com ou sem experiência. A experiência adquire-se à posteriori! Puro engano.

Os últimos dez meses de governo foram uma autêntica desgovernação e um desatino sem tamanho. Já lá vão dozes substituições de ministros e secretários de estado e cada um melhor do que outro. Tão bons que alguns tiveram a sorte de exercer somente vinte e poucas horas antes de serem afastados pelos rabos-de-palha que vinham atrás e ficaram à mostra de todos.

É uma vergonha que um governo com maioria absoluta consiga atingir um tal nível de descrédito nacional! Ainda por cima, os problemas já vinham de há alguns meses e não foram capazes de os ultrapassar da melhor forma, acabando com o falatório e o jogo do empurra, envolvido numa burrice de teimosia que só levou ao total descalabro. Foi o que aconteceu com a TAP. O governo não conseguiu resolver e além disso fez com que o ministro responsável se demitisse. E ficou por aqui? Ficou resolvido? Não. A demissão ou não da responsável e o subsídio de meio milhão que lhe foi dado, agravou toda a situação e levou a que se escavasse mais fundo o buraco que se acabava de abrir. Uma vergonha! Nuno Santos que inicialmente não se lembrava de ter dado autorização para que se pagasse o subsídio, lembrou-se agora, muito mais tarde, que afinal tinha autorizado. Fraca memória! Lapsos inconvenientes.

Depois de perfurar mais um pouco, acabou por se descobrir que não era a primeira vez que a quase falida TAP dava um subsídio ainda mais chorudo a outra responsável da administração. Será melhor não escavar mais fundo, pois podem surgir outros rabos-de-palha.

Perante estes problemas demasiado graves num governo que deveria navegar águas calmas, eis que o encontramos à deriva, sem timoneiro encartado e em águas turbulentas.

A necessidade de consultar o comandante Marcelo teve alguma urgência. Tornava-se prioritário preparar o porto de abrigo em caso de necessidade. Reconheceu a instabilidade e aconselhou calma ao timoneiro admoestando-o para manobras apertadas.

Mas os avisos não passam disso mesmo. São tantos os problemas que vão surgindo que se equaciona se vale a pena o governo continuar nesta rota sem rumo. E eis que surgem mais problemas graves que adensam a confusão governativa.

O Ministro da Defesa é confrontado com uma derrapagem enorme no Hospital Militar do Restelo. Nega e desculpa-se, mas o problema mantém-se e sem resolução. Há um buraco enorme e quem vai pagar somos sempre nós. Mas ninguém nos perguntou se estávamos de acordo com essas obras! Enfim!

Mas como se não bastasse, agora vem à baila o Ministro das Finanças que nega muitas coisas e acaba por assumir outras. As culpas estão em cima dele e as investigações também. São derrapagens sem conta que levam a que este governo esteja com um pé dentro e outro fora. Se as investigações culpam o Ministro das Finanças, ele é obrigado a sair e se cair, com ele cai o governo. Costa anda à deriva e já não quer falar com ninguém. Está completamente ultrapassado e já não confia nos seus pares.

A complicar tudo isto está a greve dos professores. Uma greve a nível nacional e que já dura há umas semanas e que se vai prolongar até meados de fevereiro. Mais um ministro que está à porta para sair por não conseguir fechá-la a tempo. Costa demarca-se, com medo de sequelas. Com o Ministério da Educação à deriva, o Ministro da Defesa em derrapagem e o Ministro das Finanças a derrapar todos os dias, já pouco resta ao governo e a Costa para sobreviver a esta turbulência maioritária que não tranquiliza ninguém, nem mesmo o próprio Partido Socialista.

Quando acabarão estas derrapagens? Quando cair o governo? Parece que sim.



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