Alexandre Parafita

Alexandre Parafita

Vem aí a noite dos esconjuros...

Ainda que o calendário as aproxime, a festa da “Cabra e do Canhoto” em Cidões, Vinhais (na noite de 29 de outubro), nada tem a ver com a noite do Halloween, ou com qualquer outra americanice que o cinema inventou.

Trata-se, pois, de uma das mais resistentes celebrações transmontanas ligada à cultura celta, a marcar a aproximação do inverno. A gigantesca fogueira, onde é queimado um enorme e chifrudo “canhoto” (que simboliza o Diabo) e onde é cozida uma sinistra “cabra machorra”, velha e intragável (que simboliza a mulher infértil do dito), representa toda a energia catártica de um povo sofrido que se prepara para mais um inverno longo, frio e negro, e, simultaneamente, procura defesas contra os espíritos malignos travestidos nestas duas figuras. Na fogueira esconjuram-se, assim, as tentações maléficas, os maus-olhados, os medos e as invejas.

São estes velhos mitos que com os seus ritos continuam a dar um sentido nobre à cultura transmontana.


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