Decorreu hoje a “Dança dos Bugios e Mourisqueiros” ou “Festa da Bugiada” e este ano não fui lá. O meu amigo Jorge Dias teve a gentileza de me dispensar as fotos. Nunca é demais lembrar que este S. João de Sobrado, no concelho de Valongo, é único em Portugal e único no mundo.
Trata-se de uma celebração enraizada na mito-história nacional, que transporta no tempo uma representação singular e simbólica das lutas entre mouros e cristãos. A simbologia dessas lutas está bem presente na ritualização que opõe, em uma guerra lúdica, os mouriscos e os bugios (cristãos) na disputa da imagem de um São João milagreiro, que uns e outros reclamam numa estranha ambição pelos seus poderes mágicos e curativos.
O envolvimento popular, ao longo dos tempos, na preservação e dinamização destes rituais, e toda a riqueza lúdico-cultural que potencia, deveriam merecer maior reconhecimento das instâncias que zelam pela Cultura em Portugal.
Por incrível que pareça, esta tradição não está classificada na lista nacional do Património Cultural Imaterial, onde figuram já 73 outros bens culturais. E essa é a etapa necessária para poder, no futuro, sonhar com uma (mais que justa) classificação como Património Mundial pela UNESCO.
Sou forçado a perguntar: onde andam os burocratas da Cultura? Estão nos gabinetes a fazer o quê?