Alexandre Parafita

Alexandre Parafita

Honrar a memória não é uma virtude… é um dever

Sílvio Teixeira nos anos 60 era um dos homens proeminentes em Vila Real. Filho de um ourives com loja na rua Direita, transformou o estabelecimento numa loja de ótica e mais tarde dedicou-se também à edição de medalhística, cabendo-lhe a edição e colecionismo das mais importantes medalhas e troféus comemorativos da cidade e de outras regiões.

Como numismata, recuperou e pagou, em 1974, a medalha de prata do Circuito Automóvel de Vila Real datada de 1933, que andava “perdida” e descobriu na zona de Lisboa, alimentando mais tarde, já neste século, uma polémica com a Câmara Municipal que lhe exigiu, por “expropriação”, essa sua medalha.

Mas, o que me leva a recordá-lo hoje aqui? Apenas e só porque graças ao seu gosto pelos produtos de ótica, foi fundador, em 1965, da Fábrica das Lentes, que se tornou uma das maiores empregadoras da cidade, exportando as suas lentes para todo o mundo. Naquele tempo, era o tempo do Estado Novo, trazer para a Bila, escondida pra cá do Marão, um investimento destes era uma aventura que hoje poucos imaginarão. Ao deixar a fábrica, montou uma pequena loja de distribuição das lentes ali produzidas.

Faleceu há alguns anos num lar de idosos da cidade.

Há pouco mais de uma semana, a "sua" Fábrica das Lentes, hoje uma referência mundial, festejou 60 anos de existência. Estranhei não ver o nome de Sílvio Teixeira em lado nenhum.

E mais não digo. Começo a habituar-me a estes “vazios” nas memórias de Vila Real.



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