Luis Ferreira

Luis Ferreira

Falta de inteligência

É verdade que a política se faz fazendo, tal como o caminho se faz caminhando, mas tanto um como o outro se devem fazer com inteligência.

A semana passada foi marcada, entre outras coisas, pela suposta publicidade do Bloco de Esquerda que resolveu usar Jesus Cristo num cartaz para exemplificar o que não tem qualquer exemplificaçãpo possível. Desconhecimento completo sobre os preceitos religiosos e um contaminar de inteligências para além de um ataque feroz a quem é católico.

Na verdade o que eles queriam realçar nada tem a ver com o exemplo dado.. O facto de quererem exaltar a aprovação das uniões de facto e a adoção de crianças por casais gays, não tem mesmo nada a ver com Jesus Cristo e não deviam descer tão baixo na sua abordagem. E por mais que a Catarina Martins se esforce a dizer que ninguém percebeu o cartaz e que foi um erro, não convence ninguém. Está a fazer pouco da inteligência de cada um de nós e a demonstrar que ela também não teve a inteligência necessária para ver onde se estava a meter.

Embora eu não seja adepto dos casamentos gays e não concorde com a adoção de crianças por esses casais, não me oponho a que cada um possa ser livre de adotar o seu estilo de vida. Contudo, preocupo-me imenso com as vidas das crianças que a esse tipo de vivências passam a estar sujeitas. E até acredito que lhes quererão dar uma melhor vida e um futuro mais promissor às crianças que adotam. Mas será que isto tem alguma coisa a ver com a religião e com Jesus Cristo? Dizer que Ele teve dois pais é simplesmente ignorar o assunto e trazê-lo para uma eira onde a lama é o chão que eles querem pisar.

Neste momento há um pedido de desculpas na comunicação social e a Catarina Martins, apesar de tudo, continua a dizer que não foi compreendido o cartaz. Francamente. Que falta de inteligência temos todos nós. Ou será que a falta é dela? Admite que houve um erro, mas escusa-se a admitir que não tem razão nenhuma no que apresentou a público para justificar a adoção gay. Parece que ela, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não foi tão sagaz quanto deveria ter sido e desconhece o que são dogmas religiosos e verdades dogmáticas que justificam determinados passos religiosos. Não sabe o que é uma causa incausada porque se o soubesse não admitia que tal cartaz saísse para a rua.

Querer enaltecer a aprovação na Assembleia da República da adoção de crianças pelos casais gay pondo como exemplo Jesus Cristo é surreal e completamente injustificável. Ao fazê-lo, virou toda a população, as instituições religiosas, os partidos políticos, a sociedade civil, contra ela. Foi um erro, admitiu. Mas onde estava a inteligência e a sagacidade que costuma exibir? Passaram-lhe por cima? E ela deixou?

Não. Isto foi demasiado. Ultrapassou todos os limites do bom senso. Não há qualquer comparação possível um casal gay adotar uma criança e Jesus Cristo ter dois pais. Afirmar isto é demonstrar um completo desconhecimento da religiao cristã. E não é preciso ser-se católico para perceber tal incongruência. Por mais que se queira comparar, não há comparação plausível. Eu até posso "entender" o que o Bloco queria mostrar no cartaz, por mais sórdido que fosse o propósito, mas não queiram fazer de nós anormais e desprovidos de inteligência. As ofensas pagam-se e algumas bem caro. A culpa, essa ninguém a quer e por isso mesmo, Catarina Martins veio dizer que tudo foi um erro e que as pessoas não entenderam o que se queria dizer. Pois não. Somos burros! Que falta de inteligência!

Pois é verdade. A política às vezes tem destas coisas. Algo sai mal e tenta-se emendar o erro. Acontece, claro, mas é preciso ter o discernimento suficiente para aquilatar as consequências e evitar as más, como foi o caso. Se o comportamento dos casais gay que adotarem crianças for idêntico aos que se serviram de Jesus Cristo para justificar a mesma adoção, como estarão mal as crianças envolvidas! É que não há desculpas que valham. As crianças não têm culpa e o que elas necessitam é simplesmente, amor e carinho, o mesmo amor, fraternidade e igualdade que a mensagem cristã sempre propalou por todo o mundo.

 


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