Luis Ferreira

Luis Ferreira

A Europa está a colher o que semeou

Quer queiramos quer não, a Alemanha tem a grande parte das culpas que arrastaram a Europa para situações de subserviência atroz e das quais nunca mais se livrou.
Após a primeira grande guerra cuja culpa se deve às ambições de um lunático que sonhava com um pangermanismo doentio, a Europa perdeu a sua hegemonia secular e tornou-se devedora de quem sempre lhe pagou os favores do progresso. Era a primeira machadada numa economia e numa sociedade crescente e evoluída. O início do século XX acendeu por momentos as luzes de uma época extraordinária, onde pautava o trabalho, o progresso, a busca da felicidade a par de valores burgueses, cuja moralidade servia de base a todo o resto. A Grande Guerra acabaria com tudo isto e daria lugar a uma Europa destruída e endividada. Os EUA apareciam como uma potência que durante seis anos evoluiu tremendamente, embora fosse um crescimento fictício e ilusório. O crash de 1929 levou o país para uma tremenda depressão arrastando o mundo inteiro numa mesma crise económica e social durante mais de uma década. A Europa, endividada, pior ficou.
A Segunda Grande Guerra, uma vez mais por culpa da Alemanha, arrastou a Europa para o centro do conflito, sendo o palco principal de toda a contenda. Novamente o mesmo lunático, pondo à frente os interesses de expansão do povo alemão e da raça que queria pura, mesmo não sendo ele nem alemão, nem possuísse as características que imputava à pureza ariana, meteu o velho continente num conflito completamente desnecessário e envergonhasse a Alemanha pelas atrocidades que ele próprio cometeu. E uma vez mais a Europa ficou destruída e endividada para com os EUA que assim assumiam o controlo de uma economia mundial, não a perdendo até hoje.
Deste modo, dominada pelo factor económico, sujeita a uma economia avassaladora e a um capitalismo desmesurado onde grandes grupos monopolistas tudo têm controlado, a Europa nada mais tem podido fazer do que sujeitar-se a uma economia de sobrevivência. A verdade é terrível e custa a aceitar, mas não há forma de modificar a situação. Estamos presos por enormes interesses internacionais que tudo controlam, especialmente os que com demasiada facilidade se deixaram enredar nas malhas de uma economia mundial completamente desonesta, corrupta e intimidadora. A Europa não consegue livrar-se nem deste domínio, nem deste pesadelo!
Quando os EUA se lembraram de fazer frente ou pelo menos fazer crer que assim era, ao poderio árabe e ao seu petróleo, invadindo o Iraque e matando Sadam, pioraram tudo. Os jogos de poder baseados no petróleo, não atingiram os seus objectivos. A resposta está aí agora. O fanatismo islâmico é somente parte da resposta. A outra parte está disseminada pelo mundo pronta a revelar-se quando menos se espera. Afinal a questão é económica ou religiosa?
As agências internacionais que agora controlam a economia mundial, são colocadas neste momento um pouco à margem do processo político, mas não tardam a envolver-se ou verem-se envolvidas, correndo o risco do seu próprio naufrágio. Na verdade, a economia não tem muito a ver com fanatismos e estes não procuram, por enquanto, aquela o que faz retardar o interesse desses grupos fanáticos e retroceder a manipulação económica dessas agências económicas intimidadoras dos países menos ricos e por isso mais sujeitos a manipulações e chantagens.
É um salve-se quem puder, mas a Europa, sem poder, sem autoconfiança, sem autocontrolo e com uma economia dependente, o que pode fazer? A sementeira foi fraca e a colheita não pode ser melhor. Não obstante, isso não justifica a passividade com que se tem submetido a interesses de terceiros, nem a interesses de quem teve e continua a ter grandes culpas em todo este processo. A verdade é que a abelha só pica quem se mete com ela. Parece que muitos têm andado a jogar xadrez em tabuleiros viciados! Por isso, não se metam com as abelhas, se não restar-nos-á somente dizer que somos todos Charlie, por solidariedade!


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