Há vários anos que o distrito de Vila Real se debate com falta de médicos, recorrendo à contratação de profissionais do país vizinho, sobretudo da região da Galiza. Mas no último concurso aberto pela Sub-Região de Saúde, apenas cinco médicos espanhóis concorreram às dez vagas propostas.

Mais uma vez não houve portugueses licenciados em Medicina interessados em trabalhar nos centros de saúde do interior. Uma situação que se estende, também, aos hospitais. No que toca à medicina familiar (clínica geral), trabalham no distrito 158 médicos, dos quais 22 são espanhóis e dois brasileiros.

O coordenador da Sub-Região de Saúde de Vila Real, José Maria Andrade, disse, ao JN, que receia \\\"ser cada vez mais difícil atrair os médicos espanhóis, principalmente porque já não existe desemprego nesta área naquele país, que era a principal razão por que eles vinham trabalhar para cá\\\".

De facto, muitos foram os que vieram e já regressaram. Outros começam a ser convidados com insistência para o fazerem.

Victoria González é uma das médicas que têm sido convidadas a voltar para \\\"casa\\\". \\\"Têm-me telefonado a propor-me emprego em Espanha, coisa que há cinco anos, quando vim para cá, nunca acreditei ser possível\\\", disse ao JN. Ainda assim, prefere \\\"ficar em Vila Real, onde é muito bem tratada\\\".

Rehbi-al-Halman é outro dos médicos vindos de Espanha, embora com origens palestinianas. Lembra que \\\"há cinco ou seis anos atrás era difícil arranjar emprego em Espanha. Agora é mais fácil\\\". Também ele pensa continuar por Portugal e ir a Oviedo ver a família de 15 em 15 dias; \\\"São quatro horas de viagem para lá chegar\\\", desabafa. Gostava de ficar por cá \\\"até à reforma, mas já me disseram que o tempo que trabalho cá não conta em Espanha e vice-versa; não sei muito bem como será\\\".

José Maria Andrade receia que possa haver muitas oscilações na cobertura em termos de utentes. E explica \\\"Neste momento, a cobertura é de mais de 95%, mas basta que um médico se vá embora, por exemplo de Mesão Frio (onde existem quatro), para ficar com 25% da população daquele concelho sem médico de família\\\".

Outro dos receios do responsável é que, \\\"nos próximos anos, muitos médicos vão reformar-se. A maioria dos médicos de família tem mais de 50 anos. A partir de determinada altura, a carreira hospitalar absorveu quase todos os novos profissionais, criando-se também a ideia de que a carreira de clínica geral era menos conceituada, o que é totalmente errado\\\", acrescentou.



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